domingo, 24 de novembro de 2013

A esquerda e o populismo.

Indignação Protesto e Luta. Nov.2013

A primeira coisa que fiz hoje enquanto lia os jornais online, foi partilhar no Facebook o artigo de Jorge Almeida Fernandes (JAF), “A esquerda sem povo”. Continua por lá a ser partilhado o que significa que o “divórcio entre a esquerda e as classes populares” é assunto que interessa.

As crises do capitalismo colocaram sempre em crise as forças políticas do sistema, anti-sistema ou pela reforma do sistema. A capacidade do capitalismo se regenerar, aproveitando as contradições políticas das organizações partidárias e de classe, tem sido comprovada. O que agora parece relevante é a hegemonia política não ser fruto da supremacia de um grupo social. 

O exemplo de JAF no artigo do Público sobre os 40% de operários a votar na Frente Nacional, de Marine Le Pen, não é muito preocupante, já nos anos 60, segundo o sociólogo Michel Simon, 31% dos operários inscritos votavam na direita (43% à esquerda) e havia Partido Comunista. Operários e outros assalariados votam de maneira semelhante, em França.

O alarme do crescimento populista deve-se mais aos novos meios ao dispor do marketing político, à captura pelos populistas das bandeiras sociais descuradas pela esquerda, e à incapacidade das esquerdas falarem de forma que se entendam e com projecto opcional popular. É um problema da utilidade da acção política.

A incompetência das sociais-democracias, dos partidos da Internacional Socialista, em afirmarem um projecto alternativo à política anti-popular dominante na Europa, poderia levar à afirmação da esquerda anti-capitalista.

Acontece que à esquerda das sociais-democracias, na maioria dos casos, os valores históricos, económico-sociais e da natureza do poder político, são substituídos por objectivos fracturantes cuja importância não se renega, mas que não preenchem as necessidades prioritárias das “classes populares”. 

Em Portugal, acresce a canga do PREC, com as polémicas de quase 50 anos com o PCP e os múltiplos criadores do Partido Comunista “verdadeiramente revolucionário”, sem o qual (como se viu no 25 de Novembro de 1975) nada pode ser feito para alterar a essência do poder, ou sequer para fazer frente a um golpe de Estado. 

 Por golpes de Estado; falo do de 1975 e falo do que agora está em curso.

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1 comentário:

Carlos Leça da Veiga disse...

A votação em Le Pen assusta a França que é pró União Europeia e, como tal, é reacionária. Há, ainda, uma França que, como em 1939, aprecia ser dominada pelos germânicos para, com isso, contrariar a Inglaterra. Há uma França que pensa ser a herdeira do bonapartismo e imagina poder vingar a justa derrota que, então, sofreu. Há, ainda, uma França reaccionária que continua a culpar o militar Dreyfus. Isso e apenas isso. Quanto a Le Pen ser de direita tenho as minhas dúvidas. Vichy condenou De Gaulle.