sexta-feira, 19 de julho de 2013

Desacordo entre partidos? Não há capitulação?

Pressões sobre Seguro.Jul.2013
 
A quem interessa um acordo entre partidos? Um desacordo quer dizer que não há capitulação do PS.

Portugal foi para a troika/Vítor Gaspar um laboratório de experiências. Resultou mal, como reconheceu Gaspar, o FMI, e vários entusiastas do ensaio, nacionais e estrangeiros. O que Cavaco Silva fez, pelo contrário, não é novo nos objectivos e os resultados são conhecidos.

O presidente quer alargar a base de apoio de um governo que não existe, não é este nem se sabe de onde virá.

Não se conhecendo o que se negoceia em concreto, percebe-se que Passos Coelho quer comprometer Seguro com as medidas de austeridade e a continuação, afirmada por ele e pela ministra das Finanças, do rumo Gaspar.

António José Seguro estará a negociar cuidando do seu futuro governo e não deste ou da proposta de Cavaco. O que não se entende é que porção da política económica actual é reciclável, para um governo cuja prioridade seja o crescimento, a renegociação do memorando e a afirmação perante a Europa.

O PS estava eleito, sem uma saída airosa é o encurralado. Dificilmente se justifica qualquer acordo do PS com esta direita, até porque após as eleições, ou mesmo antes, o PSD terá outro líder e outra orientação.

Acordar com o PSD/CDS ou deixar-se entorpecer na oposição ao governo, é fatal para o PS. E recordemos que cisões ou afastamentos no PS houve vários, nunca resultaram em viragens à esquerda.

Cavaco adiou a resolução da crise no ócio das Selvagens, a Europa espera sem as urgências gregas ou cipriotas; têm boas razões.

Ter acordo ou não ter acordo significará para Cavaco decapitar apenas uma, ou duas, ou até três cabeças dos actuais líderes dos partidos. Quer um novo leque de governação.

A recomposição da representação política, à imagem do que se passou na Grécia com o Pasok/Dimar/Syriza, com a captura de parte do centro-esquerda pela direita, criou menos capacidade política de negociar com a troika, de se baterem na Europa, ou mesmo de decidir minimamente sobre o seu futuro.

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