Potencial inexplorado - Taxa de emprego por grupos etários, em 2010.
O diário alemão Die Welt trazia ontem preocupações com a dívida soberana portuguesa. Afirmava-se que Portugal precisará de novo resgate até ao fim do ano. Não é sinal para alarme, continue a dar-se importância às campanhas contra Sócrates, às diabruras de Cavaco, e a outras cortinas de fumo, que a realidade passa ao lado.
Hoje, o mesmo Die Welt, trás uma preocupação interna alemã que faz todo o sentido olharmos com atenção. O emprego daqueles que estão no limite da idade da reforma ou já a ultrapassaram.
Diz o diário que as empresas alemãs estão a encontrar benefícios em empregar trabalhadores mais velhos. A ministra do Trabalho, Úrsula von der Leyen fez notar que os alemães “vivem mais 15 anos que no tempo de Adenauer”, pelo que “precisam de mais flexibilidade para os últimos anos de trabalho”. No fundo trata-se da idade fixa de reforma. O mercado de trabalho alemão não prescinde da experiencia profissional e procura gente qualificada entre os que, por sua iniciativa, se dispõem a continuar a trabalhar.
Visto daqui, do país das reformas antecipadas, desejadas por quase todos e promovidas pelos governos, parece uma enormidade. A demagogia e a ignorância de como funciona a economia real, tem levado os governos (principalmente o actual) a promover o desemprego e a passagem à reforma de trabalhadores competentes e necessários; diz-se até que para a nossa economia funcionar é preciso substituir os mais velhos pelos jovens “altamente qualificados”.
Nada disso se passa. Na realidade, a crise está a levar para o desemprego jovens de quarenta e tal anos, que são (cá) já demasiados velhos para voltar a encontrar ocupação. A crise também levou para o desemprego os melhores profissionais de várias actividades, porque eram quem tinha melhores salários e é por aí que se corta nas empresas em dificuldades (quase todas).
Não se trata da idade da reforma, o único indicador que parece preocupar toda a gente, mas de não dispensar competências seguras por aprendizes sem mestre. A nossa economia está dependente (caso dos call centers) de contratados que quando adquirem alguma experiencia são substituídos por outros em formação, e isso reflecte-se na produtividade geral.
Não há temas tabus, as empresas ganhariam em manter empregos de mais velhos. Ao contrário do que se apregoa, há escassez de competências feitas da experiencia profissional e há muita gente “de mais idade” que está interessada em trabalhar desde que a um ritmo apropriado. Não me perturbam os princípios e é falso que os mais velhos tirem trabalho aos mais jovens.
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