sexta-feira, 2 de março de 2012
Frio e gripe matam anormalmente e não há alarme? Porquê?
Pela quarta semana consecutiva, o número de mortes ultrapassou o que seria de esperar para esta altura do ano. De 13 a 19 de Fevereiro rondou as três mil mortes e de 20 a 26 foi ainda ligeiramente superior; em Portugal a média por época é de 2.400 óbitos, lê-se no Público.
Estamos perante duas anormalidades, o excesso de óbitos, cuja causa final a ciência médica determina, embora sem aprofundar as razões sociais a montante das doenças, e a falta de avisos à população.
O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge tem a missão de vigiar os dados sobre a mortalidade, mas os portugueses estão habituados a que a Direcção-Geral de Saúde lance alertas sobre as epidemias, difunda conselhos, tome medidas.
Perante 6.000 mortes em 15 dias “desdramatiza-se a situação”? Não pode ser, isto cria uma suspeição sobre o sistema de Saúde. Pergunta-se: há razões políticas (governamentais e partidárias) para “desdramatizar a situação”?
Há receio de que se ligue a falta de aquecimento ao aumento do preço da electricidade? A ida ao médico em adiantado estado da doença, ou a não ida, por causa do aumento das taxas moderadoras? A baixa imunidade de muitos idosos por terem deixado de poder comprar medicamentos por falta de dinheiro? Ouvi numa televisão, um médico, afirmar que basta não fazer uma toma do fármaco habitual para a tensão arterial, para reduzir a imunidade. E sabe-se como a falta de dinheiro se traduz em carência de alimentação.
Se as razões para “desdramatizar” são deste tipo, a outra razão seria a inoperância dos serviços, é bom para a Saúde Pública que os órgãos de comunicação social recusem ser o porta-voz da “desdramatização”.
Os serviços públicos de saúde do nosso país não podem funcionar só nas situações em que a Organização Mundial de Saúde lança alertas – 6.000 mortes em 15 dias obriga a explicações e a dizer toda a verdade, mesmo que a verdade envergonhe ou revolte, porque se liga à austeridade e ao empobrecimento.
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