Como relembrar a história faz todo o sentido neste momento, reedito o texto que preparei para o Dia do Trabalhador (não sei de que ano) tema muito procurado por esta altura.
As comemorações do 1º de Maio relembram os episódios violentos de 1886 em Chicago, numa manifestação pela jornada de trabalho de oito horas. O marco histórico que reivindicava 8 horas de trabalho, 8 para dormir e 8 para lazer.
O movimento operário organizado surge da revolução industrial, antes os protestos nos campos e nas cidades eram fugazes e desorganizados.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Abril 2012. Sondagem ClariNet.
Marcelo Rebelo de Sousa dizia ontem que o Abril dos militares perdeu, não só o Abril do PREC, da Revolução, mas o Abril de Vasco Lourenço, do “grupo dos nove”, no fundo o 25 de Novembro. Obrigado militares pelo 25 de Abril, obrigado pelo 25 de Novembro, muito obrigado que agora é tempo dos herdeiros da Acção Nacional Popular retomarem as rédeas da nação.
Para vermos como aqui chegámos precisamos pôr os olhos no Chile, como os herdeiros de Pinochet retomaram o poder; a mesma táctica, o mesmo período e calculismo, os mesmos resultados. Terão apoio popular ou é só propaganda?
A maioria dos portugueses que sem dúvida perdem com as políticas actuais, terão noção que há alternativas? Para a resposta vai ajudar o tsunami que se prevê na União Europeia com as eleições na Grécia, França e Holanda, as crises espanhola e italiana. Cá, estamos na fase das preocupações, há procura de explicações sobre o que se passa, e os blogues são alternativa à imprensa controlada.
Pelos textos mais lidos num blogue podemos fazer uma sondagem das preocupações dos leitores? Sim, se soubermos ler as razões da pesquisa, não é menos “científico” que as consultas feitas aos proprietários de telefone fixo.
A “Culpa de Sócrates”, que liderou as visitas ao ClariNet este mês, dever-se-á à composição do título, a “culpa” judaico-cristã e o nome Sócrates (que vende mais que o Pai Natal) ajudaram, o argumentário de suporte do governo fez o resto, tal como Rajoy, para agarrar o seu eleitorado diz que vai fazer o contrário do que defende o PSOE, aqui, na falta de um PS na oposição, o governo identifica o antagonista no governo anterior. Tem funcionado neste país pouco politizado.
Mas logo a seguir vêm publicações sobre os problemas concretos, os “Cortes de Subsídios”, a “Suspensão das Reformas”, a “Taxa Alimentar”, o “Aumento dos Combustíveis”; pelo meio meteu-se “D. Juan Carlos na caça”, entre o sério e o fait diver com público determinado. O discurso de “Cavaco” no 25 de Abril depois, enquanto a “Regra de Ouro (que) não é consensual nem na Alemanha” indica que os temas de conjuntura político-económicos têm fregueses. As diatribes da ministra “Cristas e do M.A.M.A” e o “BPN” de ontem acabam os dez posts mais lidos.
Os portugueses estão preocupados com as medidas que os afectam directamente, serão inquietações individuais, mas que atingem a maioria da sociedade; transformar o descontentamento particular em força colectiva é o desafio.
Amanhã é 1º de Maio, de luta por tradição; neste período de todas as ofensas aos trabalhadores, será uma jornada de protesto contra as políticas do governo e da União Europeia. A Europa vai sair à rua. Os trabalhadores portugueses têm de fazer a sua parte – o tempo é de mudança.
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domingo, 29 de abril de 2012
BPN no Diário de Notícias, promete mas...
O caso BPN está finalmente nos jornais, num trabalho do DN que promete, mas que dá mostras das muitas dificuldades em seguir a maior burla havida em Portugal.
A promiscuidade de políticos do partido que está hoje no poder, com o escândalo, fecha as portas à informação. A Justiça, neste caso, e ao contrário de outros, não colabora com a comunicação social, é parte do manto de silêncio.
Como escreve a jornalista Sílvia Freches, fizeram o trabalho jornalístico como …”um jogo de paciência, tais os muros de silêncio que eram erguidos”. “Em alguns tribunais tudo serviu de argumento para impedir a consulta dos processos. Ainda hoje esperamos vários despachos do juiz a pedidos feitos já lá vão quase dois meses”. Presidente da República, ex-governantes, ex-governador do BP, Oliveira e Costa ou o Ministério das Finanças que “gere o buraco”, todos recusaram “prestar declarações”.
Dos julgamentos sabe-se pouco “356 acções em tribunais de todo o país”. Temos os julgamentos dos arguidos que os portugueses têm o direito de acompanhar e temos os julgamentos em que o BPN é réu; nestes o Estado assumiu pagar pelo BPN se houver condenação; dos já sentenciados o banco perdeu e os contribuintes pagaram, 22 milhões a um empresário de Braga, 100 mil euros a uma cliente e mais 3,5 milhões ao Instituto Missionário da Consolata (este caso mereceu-me um post que está AQUI).
Estes sentiram-se enganados, processaram o banco, receberam, todos os outros portugueses estão a ser roubados esperando justiça. Mais que opiniões sobre os erros políticos o que os portugueses querem saber é onde pára o dinheiro.
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CISPA. A privacidade da Internet em causa.
A liberdade e a privacidade não são separáveis, o direito à privacidade é parte das liberdades individuais nos países democráticos. A Câmara dos Representantes dos EUA não entendeu assim e aprovou a CISPA (Cyber Intelligence Sharing and Protection Act), que legitima a partilha de informação que circula na Internet, (até agora confidencial) entre organismos públicos e organizações privadas.
A lei, que ainda irá ao Senado e à Casa Branca, abarca os internautas estrangeiros e as suas publicações nas redes sociais ou sites; permite a troca entre os fornecedores de serviços da Internet, o governo americano e entidades privadas.
O PIPA e o SOPA que se dizia terem abandonado, afinal não o foram – refinaram-se. O projecto SOPA teve muitos críticos por ir contra a liberdade de expressão, mas no fundo o CISPA é a mesma SOPA com menos água, o essencial proteico está lá e em maior concentração; ou seja, expressem-se à vontade que quanto mais se expressam mais informações fornecem.
O CISPA vem legitimar uma prática já existente, embora limitada. Pelo menos desde o Patriot Act de 2001 que se seguiu ao atentado às Torres Gémeas, que os movimentos dos internautas são vigiados e as suas publicações esmiuçadas, os serviços de inteligência aproveitaram os receios por actos terroristas, para pôr os americanos a espiarem-se uns aos outros e a aceitarem a violação da privacidade.
Com o direito à privacidade definitivamente fora da Internet, cabe aos usuários tomar as cautelas devidas. A mim preocupa-me mais o princípio que as consequências práticas na minha rotina, ser vigiado e saber disso não é inédito, não altera nada.
A antiga PIDE fazia recortes de jornais, violava correspondência, seguia pessoas; estes fazem o mesmo com mais meios e sobre mais indivíduos. É a Nova Ordem.
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sábado, 28 de abril de 2012
Universidade. Medidas coercivas para receber propinas.
Os reitores das universidades devem ter tirado uma pós-graduação em métodos coercivos de cobrar propinas. Só um estágio no antro de erudição que é o nosso Fisco lhes pode ter conferido tal sabença.
Noticia o jornal Público que dezenas de recém-licenciados podem ver os seus graus anulados por causa da existência de propinas em atraso.
Tal medida está em linha com muitas do Fisco, como cobrar vários anos de IVA a quem encerrou empresas sem dar por fim a actividade; IVA, que é um imposto sobre bens transaccionados serve para calcular a multa por falta de uma obrigação administrativa, o Fisco pode isso e tudo o mais que lhe passe pelas doutas cabeças. Os reitores querem imitá-lo.
O grau académico, retirado anos depois, traz consequências. Diz o jornal que, por exemplo, os alunos abrangidos da Universidade do Minho são sobretudo dos anos de 2004 e 2006, de Coimbra dos anos 2003 e 2004, etc. Se vão “anular todos os actos curriculares praticados no ano lectivo a que o incumprimento da obrigação reporta”, temos profissionais a exercer desabilitados para o fazer.
As reitorias não cobraram na altura devida, decerto levaram umas centenas de euros pelo papel do diploma e agora estão a ver as propinas por um canudo. Anular, anos depois, os graus curriculares, é uma piada que só pode ser ilegal. Os cidadãos têm sido defendidos por advogados que o não são, julgados por juízes inaptos e dirigidos por falsos doutores? Impostores, por terem dívidas à universidade?
Se foi operado por um médico que deve propinas e sobreviveu, tem muita sorte, ele não estava habilitado para o exercício da profissão. Ou estava e vai deixar de estar. Ou vai passar a não estar, para voltar a estar, quando pagar o que deve; confuso? Também eu!
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sexta-feira, 27 de abril de 2012
Barn av regnbuen (english). My Rainbow Race.
Dezenas de milhar de pessoas convocadas via Facebook, juntaram-se no centro de Oslo para cantar contra o militante da extrema-direita Anders Behring Breivik.
A iniciativa seguiu-se a Breivik ter dito no tribunal (onde está a ser julgado por ter assassinado 77 pessoas) que a canção “Barn av regnbuen” era um exemplo da “lavagem ao cérebro” que o “marxismo cultural” pratica nas escolas.
O tema do autor de música popular Lillebjorn Nielsen é uma versão de Rainbow Race de Pete Seeger e muito popular na Noruega. Nielsen interpretou a canção juntamente com os populares - em frente do tribunal e com transmissão em directo pela televisão pública NRK. É a sociedade norueguesa a rejeitar o extremismo da extrema-direita.
À manifestação de repúdio juntaram-se os ministros da cultura dos países nórdicos que estavam presentes em Oslo.
Em baixo uma excelente interpretação de Rainbow Race. Pelos duos Greg Artzner & Terry Leonino e Kim & Reggie Harris. O que a extrema-direita odeia…
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quinta-feira, 26 de abril de 2012
Sócrates Freeport - Freeport Sócrates.
A culpa de Sócrates (AQUI)
Testemunha do caso Freeport diz que Sócrates sugeriu arquitectos. Titula o Público.
A notícia é uma testemunha a dizer que fulano lhe disse que Sócrates tinha dito. Também “admite” a testemunha “ter tido conhecimento de conversas sobre Lobbying”. Ouviu a expressão “envelopes castanhos” e afirmou em tribunal: - “não tenho conhecimento de ter sido feito qualquer pagamento”. Ora bolas pró epilogo!
Assim vão os julgamentos chamados mediáticos.
Este continua à tarde e terá direito a transcrição em discurso directo do que lá for dito; quem está a ser julgado são uns tais Manuel Pedro e Charles Smith, os únicos acusados neste caso, (de qualquer coisa) pela Justiça. Relato da Lusa, foto da AFP, primeiras páginas garantidas em jornais e TVs.
Mas agora, que já “convenceram” toda a gente do crime ambiental que foi fazer um centro comercial onde existiu uma fábrica de pneus, e que não há mais nada; não era tempo de um jornal, nem que seja de província, mandar um aprendiz de jornalista ou um estagiário das novas oportunidades, ver o que se passa no julgamento do caso BPN?
Nem que acabe como o Caso dos Sobreiros e as dádivas do Sr. Jacinto Leite Capelo Rego ao CDS/PP, os leitores merecem saber qualquer coisinha.
Como não há decerto “envelopes castanhos”, a obstruir o relato do julgamento do caso BPN, não se entende o silêncio.
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quarta-feira, 25 de abril de 2012
Cavaco quer todos a fazer a propaganda do governo.
O Presidente da República exortou hoje todos os portugueses a corrigir a falta de informação e a desinformação que diz existir no estrangeiro sobre Portugal. Lê-se no i online. Não ouvi o discurso, acredito ser essa a intenção, pôr a malta toda a fazer publicidade do argumentário do PSD/CDS/Presidência, a troika doméstica, (que ainda é pior que a outra troika).
Diz o Professor de Finanças que “isso contribuirá para o crescimento e a criação de emprego”; para o crescimento, duvido, pois andar de um lado para o outro desgasta o esqueleto, já criar emprego cria, falta dizer é se é remunerado. Quero lembrar a Cavaco, uma vez que a nossa economia caminha para o modelo chinês, que atente no facto de os propagandistas do PC Chinês ganharem acima da média, para além de outras benesses.
Cavaco disse, “todos os portugueses e não apenas os agentes políticos têm o dever…” cheira a incitamento com deveres e direitos desequilibrados. Vítor Gaspar, Relvas, Moedas, Portas, Passos, o próprio Cavaco, entre outros agentes menores da propaganda, têm direito a excelentes salários para cumprirem o dever de pintar de rosa o definhamento nacional, o resto dos portugueses teriam igual dever, sem direito a receber nada em troca.
Cavaco pede para todos os portugueses mentirem, que digam que estão bem quando se sentem cada dia pior. Para mensagem de chefe de Estado diz muito, também no estrangeiro, sobre o país que somos (e sobre os dirigentes que elegemos).
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terça-feira, 24 de abril de 2012
Associação de Oficiais das F.A. com Manifesto da A25 de Abril.
A Associação dos Oficiais das Forças Armadas revê-se na posição assumida no Manifesto da Associação 25 de Abril.
Em declarações à Antena 1, o presidente da Associação de oficiais, Coronel Manuel Cracel, disse, nomeadamente:
“Revemo-nos na generalidade daquilo que é dito através do Manifesto da Associação 25 de Abril; porque, de alguma forma vemos, que não só os militares mas as próprias Forças Armadas têm sido alvo de medidas que, algumas delas, nós consideramos afronta – e que de alguma maneira se encaminham para a própria descaracterização e desarticulação da instituição”.
Após caracterizar a parte mais relevante das reivindicações dos militares, Manuel Cracel referiu-se ao clima político em que vivemos afirmando:
“Este estado de espírito que reina e vai grassando na população, pode levar a situações que não são desejáveis, nem por nós, e espero (que nem) pela generalidade dos cidadãos – mas, a verdade é que este estado de espírito é algo que se vai verificando e que nos deixa muito preocupados.
Até porque isto, pode ser o prenúncio do caminho para a própria desagregação do Estado, uma coisa que ninguém desejaria, não é”!?... (SIC)
A esta hora não se sabe se Passos Coelho vai responder aos oficiais no activo, com a mesma arrogância que teve para com as individualidades que são, goste-se delas ou não, enormes perante a sua pequenez política. O mais provável é que as palavras dos oficiais nem passem nos noticiários de logo. Foram ditas, ficam aqui.
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UGT continua a ameaçar. Proença é mesmo uma ameaça.
O governo acha o líder da UGT, João Proença, muito tenrinho; um figo com episódicos acessos de fúria, que podem ser compensados com massagens de duas horas e meia, uma vez por mês – são as conclusões da reunião de ontem entre a UGT e o governo.
A UGT está satisfeita com os compromissos que assinou, o seu cumprimento é um pormenor; João Proença “só ficaria arrependido se fosse obrigado a denunciar o acordo”, não corre por isso, o dito acordo, o risco de ser denunciado, seria admitir o erro obsceno da UGT.
O que precisa João Proença para denunciar o acordo? Acha (mesmo!) que o governo lhe vai apresentar “políticas de criação de emprego e de crescimento económico”? Não sabe João Proença que o governo não faz a mínima ideia do que são essas políticas? Não leu o programa eleitoral de Passos Coelho? Não viu para onde aponta o Orçamento de Estado? Para líder sindical, tem muita dificuldade em interpretar os sinais da governação.
Ainda não reparou no que conseguiu com a assinatura do compromisso com o governo? Facilitou o despedimento sem justa causa, que agora pode ser feito com base na subjectividade da produtividade ou incumprimento de objectivos; limitou as indemnizações por despedimento; alargou os contratos ultra precários de curta duração; permitiu que dias de ponte sejam deslocados e descontados nas férias dos trabalhadores; criou um banco de horas que pode ir a 250 horas sendo 150 da decisão unilateral dos patrões; reduziu o valor das horas extraordinárias (onde ainda tinham valor diferente); acabou com o dia de descanso compensatório; etc.
E como pode falar em “mais poder à contratação colectiva” quando o governo decide à socapa a suspensão das reformas antecipadas? O que era pior para os trabalhadores se não houvesse acordo da UGT com o governo? O que conseguiu a UGT? João Proença deu carta branca para a implementação de todas as medidas ultra liberais contra o mundo do trabalho, traiu os sindicatos e os trabalhadores.
João Proença é mesmo uma ameaça, um meias-tintas de rosa deslavado, colaboracionista com os interesses patronais mais retrógrados. Até agora, é directamente culpado de muita miséria que atinge as famílias portuguesas.
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segunda-feira, 23 de abril de 2012
Abril não desarma. Manifesto da Associação 25 de Abril.
Manifesto "Abril não Desarma" da Associação 25 de Abril
Abril não desarma
Há 38 anos, os Militares de Abril pegaram em armas para libertar o Povo da ditadura e da opressão e criar condições para a superação da crise que então se vivia.
Fizeram-no na convicta certeza de que assumiam o papel que os Portugueses esperavam de si.
Cumpridos os compromissos assumidos e finda a sua intervenção directa nos assuntos políticos da nação, a esmagadora maioria integrou-se na Associação 25 de Abril, dela fazendo depositária primeira do seu espírito libertador.
Hoje, não abdicando da nossa condição de cidadãos livres, conscientes das obrigações patrióticas que a nossa condição de Militares de Abril nos impõe, sentimos o dever de tomar uma posição cívica e política no quadro da Constituição da República Portuguesa, face à actual crise nacional.
Pacto Fiscal derruba governo holandês, Portugal assina-o.
Austeridade leva à queda do governo da Holanda.
Os holandeses não querem comer o que recomendam aos outros. Críticos do despesismo e da falta de rectidão financeira dos países com défices elevados, apoiantes ferozes das medidas de austeridade de Ângela Merkel nos países endividados, não conseguiram chegar a acordo para cortar na despesa pública holandesa. É mais fácil mandar fazer cortes na casa dos outros que na própria casa, é um facto.
Já o mês passado, os partidos que apoiam o governo tinham interrompido as negociações sobre as medidas a tomar para cumprir o pacto orçamental europeu.
O Partido da Liberdade, de Geert Wilders, de extrema-direita, é quem suportava a maioria de apoio ao governo no parlamento, as negociações entre o primeiro-ministro conservador Mark Rutte e o outro partido da coligação (Democrata-Cristão) de Maxime Verhagen tiveram de se estender aos eurocépticos de Wilders. Não chegaram a acordo, deixaram de ter maioria no parlamento, Rutte já pediu a demissão; mais um país em eleições brevemente.
O líder trabalhista Diederik Samson espera uma oportunidade para apresentar as reformas capazes de tirar a Holanda da crise económica. Crise que, para quem ouvia os holandeses, parecia não incomodar os líderes do país.
Há muita gente que ainda não mediu as consequências das exigências do Pacto Fiscal. O governo português é o exemplo mais disparatado.
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domingo, 22 de abril de 2012
Hollande vence primeira volta das presidenciais francesas.
Le Figaro
Primeiras projecções tf1
Hollande à frente de Sarkozy; uma boa notícia. (Aqui)
Resultados finais.
Incritos 46 037 545 – eleitores 36 585 858 – 79,47%
Abstenção 20,53 – brancos e nulos – 1,52%
François Hollande 28,63% – Nicolas Sarkozy 27,18% – Marine Le Pen 17,90%
Jean-Luc Mélanchon 11,11% – François Bayrou 9,13%
Eva Joly 2,31% – Nicolas Dupont-Aignan 1,79% – Philippe Poutou 1,15%
Nathalie Arthaud 0,56% – Jacques Cheminade 0,25%.
Fonte: Ministério do Interior francês.
Misericórdias com gestão duvidosa e falta de dinheiro.
A gestão das Misericórdias é de pôr os cabelos em pé
Será verdade que as Misericórdias, que dizem ter falta de dinheiro, vão “comprar um BMW topo de gama que custa mais de 70 mil euros para o Dr. Carlos Andrade” do secretariado nacional da União das Misericórdias Portuguesas” (UMP)?
Vamos por partes. Realizou-se ontem uma assembleia-geral da UMP, em Fátima, após a qual o seu presidente Manuel Lemos, acusou o governo de “não pagar dívidas às Misericórdias”, entre “35 a 40 milhões” segundo disse, (este arredondamento de 5 milhões de euros para cima ou para baixo é significativo sobre o conhecimento das contas das Misericórdias pelos próprios responsáveis).
O ministro da Saúde, no Parlamento, já tinha dito; “Não há verba para pagar às Misericórdias e não podemos contratar novos serviços”. É o dossier dos “cuidados continuados”, um horizonte para a Igreja que esbarra nas medidas de austeridade, um negócio contraditório, oportunidade versos dificuldade.
A troika caiu do céu para a Igreja. Em Junho do ano passado D. José Policarpo lembrava que “um dos canais que também o Estado tem com pouca despesa de estrutura, de ajudar, é servir-se das instituições da Igreja”, mas as previsões de chuva de Maná transformaram-se em chuviscos e agora a seca ameaça.
Um estudo da Universidade Católica dizia, ainda no tempo do governo anterior, que 60% das receitas das IPSS ligadas à Igreja vêm do Estado. Hoje será mais devido à proximidade do governo e do ministro da Caridade, com a holding católica.
O Estado não controla o destino do dinheiro entregue às instituições da Igreja, são gente de bem, e as populações nem acreditam nos muitos desvios anunciados pelo país, para elas também são todos gente de bem. O que se vai sabendo vem de dentro e é preocupante – ver site u-misericordias (artigos e comentários) – aí está o BMW, uma quinta doada avaliada em 60 milhões de euros, vendida pela UMP não se sabe a quem, saldo de contas (passivo de 9,8 milhões de euros) sem apresentar balanço e o mais que lá se pode ler.
Como o Tribunal de Contas não verifica a actividade deste Grande Instituto que é a Igreja Católica, solicita-se aos seus responsáveis mais transparência e vida menos faustosa – este país está em “risco de colapso social” como dizem os senhores bispos, procedam como pregam ou pelo menos não tenham uma conduta contrária à doutrina que propagam.
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sábado, 21 de abril de 2012
Hollande à frente de Sarkozy; uma boa notícia.
Evolução das sondagens AQUI
Hollande e Sarkozy não “são a mesma coisa” como o discurso dito radical apregoa, aliás, foi essa prédica que deu, cá, a maioria absoluta a Passos Coelho e estamos a ver as consequências; para tirar alguém do poder, em eleições democráticas, é preciso votar e votar contra alguém.
Em França, o que realmente está em jogo é retirar a presidência a Sarkozy, os efeitos disso serão sentidos na política interna francesa, no rumo europeu e no âmbito da política externa da França. A mudança será sempre vantajosa.
Hollande não vai deixar de se relacionar com Angela Merkel mas terá um novo tipo de “diálogo”. Da posição da França na concertação com a Alemanha depende o essencial da política na Europa e da Europa no mundo, da democraticidade na União Europeia às intervenções militares no horizonte da NATO, da política económica de austeridade à nova (des)ordem da ditadura dos mercados.
As mudanças não serão profundas? Creio que sim, mas logo se vê. Uma certeza é que haverá alterações no melhor sentido se Nicolas Sarkozy sair da presidência. A luta social, paralela a estas disputas pela governação, também terá melhores condições de se desenvolver na ausência de Sarkozy e do seu controlo dos meios de comunicação social.
Sem ilusões ou expectativas exageradas a mudança de poder que se adivinha em França é uma boa notícia.
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sexta-feira, 20 de abril de 2012
Receitas fiscais em queda, menos 5,8% em Março.
Mais carga fiscal e menos receita, é o resultado da política do governo.
O Estado arrecadou menos 5,8% de impostos em Março, que em igual mês de 2011. Já em Fevereiro, a receita de impostos tinha caído 5,3% e, em Janeiro 2,3%.
Recorde-se que o Orçamento para 2012 previa um aumento da receita este ano de 3,8%. Depois, no Orçamento Rectificativo, foi revisto para um crescimento de 2,8%. Crescimento, crescimento!
A execução orçamental vai no “bom caminho”? Uma coisa são os discursos (a campanha) outra os números.
Como vão tirar mais ovos matando as galinhas ninguém sabe, mas não será de espantar que o ministro Vítor Gaspar venha dizer que estes números “não afectam as previsões do governo para a totalidade do ano”, foi assim em relação a Janeiro e depois com a queda de Fevereiro.
Dar ouvidos a quem afirmava que o aumento da carga fiscal ia diminuir a receita prevejo eu que não esteja nas previsões do governo Vítor Gaspar/Passos Coelho/Paulo Portas.
É o que dá termos umas sumidades em finanças públicas, no governo e na presidência.
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Ministra da Justiça. Reposição dos subsídios, nem em 2015.
A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, admitiu em entrevista à Antena 1 que o corte dos subsídios de férias e de Natal vá para além de 2015 - depende do “espaço”, um novo vocábulo da terminologia complicativa da comunicação do governo.
Disse a ministra: “Para mim era claro que o programa de assistência financeira se estende até 2014, e portanto, naturalmente que só a partir de 2014 haveria espaço. Para mim, não vejo lapso – se houver espaço”. Em seguida faz depender a normalização dos subsídios da fezada; “Esperemos que a situação europeia não se agrave”.
João Semedo, do Bloco, em reacção às palavras da ministra acusa todo o governo de mentir, disse à antena 1: - “A ministra da Justiça acaba de confirmar aquilo que todos os portugueses já tinham percebido: o Governo mentiu. Relvas, Passos Coelho, Vítor Gaspar, mentiram aos portugueses relativamente à reposição dos subsídios. Não houve lapso nenhum”, todos os ministros sabiam que, pelos vistos, só em 2015 é que seriam repostos, mesmo assim parcialmente.
Portanto, os únicos portugueses que sabiam essa data de 2015 como momento da reposição dos subsídios eram os membros do Governo. Mas a ministra diz uma outra coisa, é que, provavelmente, nem em 2015, o que significa que também desta vez o próprio primeiro-ministro e o ministro das Finanças continuam a mentir aos portugueses. É também esse o sentido que têm as palavras da ministra da Justiça”; finalizou o deputado João Semedo.
Se me permite o deputado do BE, com quem concordo, já era esse o sentido das palavras de Passos Coelho no início do mês. Escrevi-o em 4 de Abril – AQUI – num post com o título “Subsídios de férias e Natal em 2015? Passos e Gaspar mentem.”
Disse. «A história da reposição dos subsídios de férias e Natal é uma trafulhice pegada.
Passos Coelho afirmou hoje que os subsídios aos funcionários públicos e pensionistas só regressam em 2015”, resume a comunicação social. O primeiro-ministro disse: “Tem de haver um processo que nos vá permitindo ao longo do tempo repor esses subsídios. Quanto tempo vai demorar não sei, porque não sei quais as condições em 2014 e 2015”. Portanto nem sequer garante a reposição em 2015.»
A ministra confirma, mentiras e desmentidos são apenas estratégias de comunicação. O governo não tem a mais pequena ideia do que anda a fazer e se resulta em alguma coisa, governa (?) sem rumo ou destino e arrasta todo o pais consigo.
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quinta-feira, 19 de abril de 2012
Rui Rio manda despejar a Es.Col.A do Alto da Fontinha.
Rui Rio mandou a polícia assaltar a Es.Col.A (Espaço Colectivo Autogestionário do Alto da Fontinha), despejo, “pilhagem” dos bens e muita pancadaria, como é apanágio de quem prefere o uso da força. Um projecto de intervenção social, uma escola autónoma que deixa de funcionar para dar lugar não se sabe a quê; a Câmara do Porto diz que é a um projecto social, mas isso não havia já e com o apoio das populações?
“Em declaração à TVI Ana Afonso, do movimento ES.COL.A, considera que a acção das autoridades foi despropositada. «Passou-se como no dia 24 de Abril, que é o dia que é hoje. Voltamos atrás 38 anos, fomos tratados como terroristas, com cães, força da intervenção, homens encapuzados, e detiveram as pessoas brutalmente lá dentro e cá fora», frisou.
«Que tenham vergonha, porque estão a despejar um projecto pacífico de intervenção social, de intervenção comunitária, que envolve as crianças, os jovens, os adultos e os idosos do bairro», disse, esclarecendo que o que era feito na escola não passava de apoio educativo, mas também havia música, yoga e muitas outras coisas.”
Se o projecto comunitário fosse obra da Santa Madre Igreja não faltaria apoio da Câmara e do Estado, como é autónomo dá nisto. Uma vergonha.
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Cristina Kirchner no intervenga...
Campanhas, ameaças e amedrontamentos, são as reacções sisudas nas páginas dos jornais e nas televisões sobre a atitude patriótica argentina. Valha-nos as redes sociais armadas de humor para serenar frustrações.
São mudanças; eu (como muitos outros) queixo-me aqui, em Portugal, de a reviravolta ser de sinal contrário. Mas atrás dos tempos vêm tempos e outros tempos hão-de vir!
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quarta-feira, 18 de abril de 2012
Indemnizações por despedimento. Vão acabar de vez.
É intenção do governo acabar de vez com as indemnizações por despedimento, segundo o DN/economia (D.V.) que teve acesso ao estudo referido hoje no Parlamento pelo ministro Álvaro Santos Pereira, o governo “considera que há ainda margem para limitar as indemnizações por despedimento em Portugal”
“O governo conclui que os regimes de indemnização obrigatória, como existe em Portugal, é coisa de país pouco desenvolvido”, (sublinhado meu).
A ideia, segundo o DN seria migrar para um regime “parcialmente obrigatório” saindo o direito do Código de Trabalho. Nem 20 dias, nem entre 7 e 13, obrigatório – zero!
“Parcialmente obrigatório” seria quando “a lei não determine a sua obrigatoriedade, podendo estar esta obrigatoriedade parcialmente estabelecida em convenções colectivas”. E decerto, acrescento eu, em acordos estabelecidos com altos cargos e administrações das empresas.
Aliás, e para vermos como no articulado das leis alguns se safam, apesar de desde 2005 (Sócrates) ter terminado com os subsídios e subvenções vitalícias para os cargos públicos, no fim de 2011, 24 deputados tiveram direito a subsídios de reintegração e 11 a subvenções vitalícias. (TSF)
A certa altura da crónica de hoje, no DN, diz Baptista Bastos. “O governo de Passos Coelho, em dez meses, criou a desmesura obscena de uma desigualdade a qual não passa de derivação perversa de outra, das muitas expressões do fascismo. Não tenhamos medo das palavras”.
…é coisa de país pouco desenvolvido!
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Passos Financial Times, Álvaro Cimpor, Cristas galinhas.
O trabalho semanal do governo português começa à segunda-feira, por isso estamos dois dias descansados – estão a planear a “comunicação”.
Habitualmente, a meio da semana começam as polémicas; não há controvérsia com o artigo que Passos Coelho escreve hoje no Financial Times. Fora o título enganador “Portugal vai mostrar que os cépticos estão enganados” o miolo do texto é em tudo igual à entrevista que deu ao Die Welt – admite que não sabe se Portugal volta aos mercados em 2013, o resto é palha.
Dizer que o artigo de opinião de Passos Coelho é dedicado aos mercados, como vem na nossa imprensa, já é um favor dispensável. Só se for a mercados “tipo” Bulhão, onde as vendedeiras achavam pitoresco a visita dos políticos e enchiam-nos a todos, por igual, de beijinhos.
Para os mercados que compram “obrigações” o que lhes interessa são as notações de rating e a essas os indicadores económicos nacionais mais as circunstâncias da política económica na zona euro, paleio de político não é parcela na análise da conjuntura, de Passos Coelho ainda menos, pois consegue dizer (e escrever) uma coisa e o seu contrário, para o mesmo artigo.
A dificuldade na “comunicação” do governo está em não se entenderem argumentários que afirmam, em situações delicadas, como única “função do governo”, “acompanhar a situação”.
Hoje o ministro Álvaro S.P. disse sobre a oferta de aquisição da Cimpor e do dossier Brisa “o governo acompanha, mas não intervém”. O que faz quando acompanha e como acompanha? Acompanha atrás, segue de perto, vê ao longe ou vai de braço dado e com quem? Confesso que não percebo esta função limitada da governação e penso ser caso único no mundo.
Já a ministra Conceição Cristas acompanhava a seca, como agora acompanha a crise dos ovos por via do bem-estar das galinhas poedeiras, na seca via-se a ministra, soluções nada, com as galinhas ainda se perde no meio das cristas.
Os governos deviam todos servir para governar, alguns só servem para trocadilhos.
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Chineses recebem 144 milhões de euros. Gran Casino.
1- Razão tinha o Senhor Cao, da estatal chinesa “China Three Gorges”, quando veio assinar o contrato de promessa para os chineses ficarem com a EDP, podem “envolver dinheiro chinês”, para já, embolsam dinheiro português.
A EDP teve 1.125 milhões de euros de lucros, em 2011, o melhor exercício de sempre da eléctrica que já foi portuguesa, e os chineses recebem dividendos antes de pagarem o valor da compra.
Bastou a promessa de meter moedas na slot machine para sair um jackpot de 144 milhões de euros. Irão pagar a aquisição das acções da EDP como é evidente, mas receber lucros como se fossem accionistas em 2011 é um negócio que já não se faz nem na China.
Pode assim o Senhor Cao levar o “cacau” – para os bancos chineses. Portugal é um Gran Casino.
2- O Google veio evocar Antero de Quental no seu 170º aniversário, é louvável. Aproveito para lembrar o seu discurso intemporal em 27 de Maio de 1871 no Casino Lisbonense, anda por aí em livrinhos como este:
Hoje, as “Conferência do Casino” podiam acontecer em qualquer lugar do país.
Portugal é, todo ele, um Gran Casino.
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terça-feira, 17 de abril de 2012
Gás natural aumenta 6,9%.Três aumentos mais IVA.
O preço do gás aumentou para os consumidores, em média, 3,2% em 2010 mais 3,9 em 2011, e agora mais 6,9%; a que acresce o aumento do IVA de 6 para 23%. São aumentos incomportáveis para muitas famílias e para a indústria.
O Ministério da Economia anunciou hoje que “no quadro da criação do Mercado Ibérico de Gás Natural (MIBGAS), está a trabalhar na criação de condições que promovam o aumento da concorrência no sector, com o objectivo de reduzir o preço a que disponibiliza o gás natural”. É do ministério de Álvaro S. Pereira, vale o que vale.
Mas, mais uma vez, lá vem a história da liberalização como panaceia para reduzir preços. Temos visto!
Neste caso trata-se de liberalização ma non troppo, uma vez que segundo a opinião de muitos dos envolvidos nas questões energéticas, Portugal está a comprar gás natural a preço três vezes mais caro que se fizesse uso do verdadeiro mercado livre, onde o preço não é indexado ao valor do petróleo.
(O melhor é lerem o artigo do Dinheiro Vivo de Outubro de 2011 que está AQUI)
Se leram ficam decerto com interrogações várias; eu fiquei a pensar se as prioridades de investimento em infra-estruturas, que são nenhumas, não têm a ver com as próximas privatizações e os lucros garantidos à GALP e EDP, mais os rendimentos das administrações das onze empresas distribuidoras.
Nós sabemos que é o consumidor que paga tudo, mas parece que era fácil pagar menos.
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Argentina. Estado recupera YPF à Repsol. Reacções.
O Estado argentino vai passar a controlar 51% da petrolífera YPF e 49% ficarão na OFEPHI (Organização Federal dos Estados Produtores de Hidrocarbonetos), das províncias argentinas.
O governo de Cristina Kirchner tem como “objectivo prioritário conseguir o auto abastecimento de hidrocarbonetos. Justifica a expropriação com o facto de “pela primeira vez em 17 anos a Argentina ter tido de importar gás e petróleo” quando os possuem no seu território, sendo mesmo o “terceiro país do mundo em reservas de gás, a seguir à China e EUA”. A Argentina registou em 2011 um défice de 10.397 milhões de dólares na balança comercial de combustíveis.
A “recuperação da soberania sobre os hidrocarbonetos” segue-se à perda pela YPF/Repsol de 16 concessões em várias províncias, por não cumprir com os investimentos contratualizados. O governo que vinha pedindo às petrolíferas para aumentarem a produção, acusa a YPF/Repsol de “apesar de ter reduzido a produção ter duplicado os lucros”.
“A YPF Investiu 8.813 milhões de dólares entre 1999 e 2011 e obteve lucros de 16.450 milhões de dólares, dos quais repartiu 13.246 milhões pelos seus accionistas”, afirmou Cristina.
A Repsol tomou a YPF em 1999, com o corrupto Carlos Menem na presidência, por 15.169 milhões de dólares, (eram os tempos das privatizações e 20% de desemprego). A Repsol desenvolveu na Argentina uma estratégia extractiva sem repor investimentos, desviando os fundos para o seu crescimento global, o que lhe permitiu expandir-se para o Alaska, Brasil, golfo do México, Argélia ou Líbia. A YPF representa 50% da produção da Repsol e 40% das suas reservas.
No fundo, a Repsol não investiu no desenvolvimento da indústria de hidrocarbonetos na Argentina, limitando-se a extrair os recursos existentes descobertos antes da privatização, constituindo reservas de alta rentabilidade nestes tempos especulativos e enviando os lucros para a sede espanhola.
É contra a depredação dos seus recursos naturais que agora a Argentina retoma o controlo da descapitalizada YPF.
Exemplar a actuação patriótica do governo argentino, que nos alerta para a reversibilidade das privatizações, (que aqui tenho chamado à atenção) e de que a América Latina é lição. O modelo neo-liberal não é o fim da história.
PS. – Rajoy foi para o México em busca de apoio para responder à Argentina; é algo de muito cínico se recordarmos que foi o governo espanhol que impediu a mexicana Pemex de tomar o controlo da maioria accionista da Repsol no Outono de 2011.
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segunda-feira, 16 de abril de 2012
Espanha. D.Juan Carlos abdica? Cenas de caça.
O símbolo da unidade do reino de Espanha está a desunir os espanhóis, muitos pedem que abdique do trono e poucos dão “largas vivas ao rei”. O episódio da ida à caça ao Botsuana onde partiu um osso (dele) e fez partir uns elefantes do reino dos vivos, está a pôr em causa o seu reinado.
Como sintetizou um jornalista espanhol, o que o rei fez não é adequado “nem como exemplo, nem como ética, nem como estética”. A caça grossa, de animais que nos dizem estar em extinção, não se ajusta à estética do século XXI; serem caçados por reis, é censurável por descerem ao nível dos criminosos caçadores furtivos e patentear pouco apoio entre espécies cujo número é diminuto, reis e elefantes.
O custo das brincadeiras de mau gosto do rei de Espanha tem um valor em euros que os espanhóis acham intolerável, particularmente quando os juros das obrigações subiram agora além dos 6%, têm a ameaça do “resgate” no horizonte e a austeridade em todo o país – menos na Casa Real.
A imagem da monarquia está a deteriorar-se em Espanha, a abdicação do trono por parte do actual rei é mais que hipótese. D.Juan Carlos tem ido “à faca” mais vezes que à caça e pelo menos desde há cinco anos que a passagem do trono para o príncipe Filipe se coloca.
Filipe VI entra dentro de momentos. Os custos da Casa Real pagos com dinheiro público continuarão a reinar.
PS – Os dotes de caçador de D.Juan ultrapassam os do nosso ex-presidente Américo Tomaz, que caçava coelhos sentado enquanto os criados os punham a jeito na sua frente. Do rei, o mais conhecido é do urso bêbado domesticado que caçou na Rússia, pelo que, se apanhou algum elefante no Botsuana estava de certeza anestesiado, (o elefante… ou ambos).
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domingo, 15 de abril de 2012
Partido Nazi registou lóbi no Congresso dos EUA.
O American Nazi Party (ANP) registou-se no passado dia 11 como lóbi junto dos congressistas americanos, naquilo que os próprios designam como um passo táctico para pressionar e influenciar os representantes eleitos da Câmara de Deputados e do Senado americanos.
Defensores da supremacia branca e do direito à autodeterminação dos brancos na América, os Nazis americanos esperam influenciar as decisões dos legisladores e funcionários do Capitólio.
Fundado em 1960 por George Lincoln Rockwell a partir de uma União Nacional-Socialista (WUFENS) o Partido Nazi Americano tem até agora reduzida influência; um sítio na Web, um candidato nas eleições presidenciais de 2008 na Carolina do Sul – o agora lóbista John Taylor Bowles – que saiu do New Order em 2004 para o Movimento Nacional Socialista, actos de propaganda nazi e de ódio racial e nada mais. No fundo boa parte do seu ideário é defendido por alguns eleitos republicanos com menos espalhafato.
Mas é significativo que se tenham assumido como grupo de pressão sobre o Congresso americano, sabendo-se a importância dos lóbis nos Estados Unidos.
As facilidades dadas pelos EUA à propaganda nazi são incompreensíveis para nós, europeus. Vimos aqui nascer uma guerra provocada pelas ideias nazis, que fez mais de 60 milhões de mortos – dos quais cerca de 420 mil foram americanos; estão vivas gerações que viveram a Guerra, o exílio, a perda de familiares e bens – definitivamente, não se percebem os americanos.
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sábado, 14 de abril de 2012
Companheiros, do El Bandolero Stanco.
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Roberto Vecchioni
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Oferta de emprego - do M.A.M.A.
Só Cristas não percebeu - quem paga a taxa é o consumidor.
“Podem ganhar dinheiro e enriquecer”. Quem o diz não é um dos muitos anúncios de promessas ilusórias que abundam por aí, é a ministra Conceição Cristas.
O discurso da ministra, no encontro “Novos desafios do Sector Agro-alimentar, Uma Estratégia para o Crescimento da Economia”, está repleto de pérolas.
“Não falta emprego, falta é gente para trabalhar” afirma Cristas, para um país que vê aumentar o desemprego exponencialmente (mais 19,8% em Março comparando a Março de 2011) e que ouve do próprio governo a garantia de que o desemprego vai continuar a subir. Quer ela dizer que o desemprego é fruto do povo ser madraço, de não querer trabalhar? É patético, e ofensivo para as muitas famílias que já suportam a fome por não terem ganha-pão.
Onde oferece Conceição Cristas os empregos? Não é no Ministério da Agricultura, do Mar e Ambiente (MAMA) que lá as tetas já estão ocupadas, é na agricultura; porque há “fundos comunitários e terras para cultivar” coisas que temos há anos a par das queixas de quem trabalha a terra.
O que a ministra quer não será apenas o trabalho para gaibéus sazonais, mas convencer os portugueses a trabalhar o campo. Ora isso não se faz com promessas de enriquecimento, mudar de vida não é aceitar conversa de banha da cobra; todos vêem, ouvem e lêem, o que os agricultores dizem sobre as dificuldades da sua actividade.
Cristas repete a léria da sua reforma agrária mas o enxerto não pega, os rendimentos não viabilizam o sector, o governo nada faz para alterar as circunstâncias em que o sector primário se encontra.
Conceição Cristas não tem culpa, O Portas do Boné achou-a num debate sobre o aborto, viu-lhe lábia e fotogenia e fizeram-na ministra; só que fazer politica não é apenas relações públicas, falta-lhe substrato.
Falar hoje em “aumentar o consumo interno”, ou em agricultura biológica para quem já nem dinheiro tem para produtos de marca branca, é isso mesmo, falta de substrato.
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