Passos Coelho disse em entrevista ao jornal conservador alemão Die Welt, publicada hoje, “Eu não sei se Portugal regressará aos mercados em Setembro de 2013 ou mais tarde”.
Então, diz lá fora o contrário do que diz cá dentro. Não fazia parte do argumentário do governo afirmar peremptoriamente a meta de 2013 para voltar aos mercados? Não estão proibidos todos os meios de propaganda interna de divulgar dúvidas sobre essa meta? Não tem sido dito a todos os portugueses que falar simplesmente da possível incapacidade de retornar aos mercados em 2013 é anti-patriótico, quase pecaminoso?
Diz também Passos Coelho que o “FMI e a União Europeia manterão a ajuda a Portugal” mas defendeu que “não é claro que isso possa significar um segundo plano de ajuda”. Claro que não é claro; só é claro que o grego Evangelos Venizelos admitiu a necessidade dum 3º resgate quando disse; “contamos com o compromisso de todos os membros da zona euro de que vamos receber a ajuda necessária até que consigamos ceder de novo a dinheiro privado”. Não é a mesma coisa?
Para complicar Passos Coelho ainda afirmou sobre as ajudas; “não vejo motivos para que isso aconteça, mas é claro que desde a cimeira europeia de Julho de 2011 há uma garantia de ajuda desde que os programas sejam implementados com sucesso”. Mas então, se os “programas” forem “implementados com sucesso” é preciso ajuda?!... Os “programas” são para quê?
O que Passos Coelho admite é que após a aplicação dos “programas” estejamos pior que agora e mais endividados estamos de certeza.
Muitas perguntas dos jornalistas ficam para o regresso do primeiro-ministro a Portugal. As respostas já se sabem – lapsos!
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PS -O post é anterior à reacção esperada dos partidos de oposição, mas, no fundo estávamos todos de acordo sobre o que nos espera; governo e críticos do governo. Estávamos, até à intervenção de Miguel Relvas contradizendo Passos Coelho, operação que só é estranha para quem não está atento aos métodos de propaganda do PSD/CDS. Dizem uma coisa e o seu contrário, através de altos dirigentes, para constarem várias versões – assim alguém terá razão e no futuro lembrarão que já o tinham dito – provando a infalibilidade das previsões do governo. É vigarice política mas é a política que sabem fazer.
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