quinta-feira, 5 de abril de 2012
Semana Santa; do lava-pés ao lava mãos.
Hoje de manhã, estavam os bispos a lavar os pés ao clero, estava eu (via canal parlamento) a ver Vítor Gaspar meter as mãos pelos pés. Devia ter ido dar um passeio pelo deserto do Sinai, a areia sempre sai mais facilmente dos sapatos que a lama de certa conversa.
Como já ontem e antes de ontem e dias antes falei de mentirosos, e dado ser hoje um dia de reconciliação dos penitentes, dê-mos, Senhores, uma pausa aos governantes, que depois da liturgia da palavra (dada), têm muito para celebrar.
É portanto numa atitude de comunhão com o governo, que passa agruras pelo que prega, que venho apoiar uma medida que atingiu o meu pai – a sua bênção.
O velho tem 90 anos, gasta 200 euros por mês em medicamentos e tiraram-lhe 40 e tal da reforma. Não lhe sobra nada, diz ele, depois de pagar o lar onde come e pernoita. Sabemos como os velhotes são rezingões; eu próprio, mais novo que o meu pai (quem diria) também já fervo em pouca água.
Parece que foram atingidos por tal medida 15.000 idosos. Nos outros casos não sei, mas para o meu pai foi uma medida acertada. Ainda anda dois quilómetros por dia e vive perto de Chaves, a 16 km da fronteira com a Galiza.
O ministério das finanças deve ter feito as contas; mesmo sem dinheiro para os transportes, o meu velho põe-se na Galiza, a pé, em oito dias, e, quarenta euros dão para comprar muitos caramelos; deve ter sido por isso que lhe tiraram o dinheiro.
Eu, que concordo com o equilíbrio da balança externa, até percebo; ele, está inconsolável, e com uma linguagem contra o governo nada própria para a Semana Santa.
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