terça-feira, 24 de abril de 2012
UGT continua a ameaçar. Proença é mesmo uma ameaça.
O governo acha o líder da UGT, João Proença, muito tenrinho; um figo com episódicos acessos de fúria, que podem ser compensados com massagens de duas horas e meia, uma vez por mês – são as conclusões da reunião de ontem entre a UGT e o governo.
A UGT está satisfeita com os compromissos que assinou, o seu cumprimento é um pormenor; João Proença “só ficaria arrependido se fosse obrigado a denunciar o acordo”, não corre por isso, o dito acordo, o risco de ser denunciado, seria admitir o erro obsceno da UGT.
O que precisa João Proença para denunciar o acordo? Acha (mesmo!) que o governo lhe vai apresentar “políticas de criação de emprego e de crescimento económico”? Não sabe João Proença que o governo não faz a mínima ideia do que são essas políticas? Não leu o programa eleitoral de Passos Coelho? Não viu para onde aponta o Orçamento de Estado? Para líder sindical, tem muita dificuldade em interpretar os sinais da governação.
Ainda não reparou no que conseguiu com a assinatura do compromisso com o governo? Facilitou o despedimento sem justa causa, que agora pode ser feito com base na subjectividade da produtividade ou incumprimento de objectivos; limitou as indemnizações por despedimento; alargou os contratos ultra precários de curta duração; permitiu que dias de ponte sejam deslocados e descontados nas férias dos trabalhadores; criou um banco de horas que pode ir a 250 horas sendo 150 da decisão unilateral dos patrões; reduziu o valor das horas extraordinárias (onde ainda tinham valor diferente); acabou com o dia de descanso compensatório; etc.
E como pode falar em “mais poder à contratação colectiva” quando o governo decide à socapa a suspensão das reformas antecipadas? O que era pior para os trabalhadores se não houvesse acordo da UGT com o governo? O que conseguiu a UGT? João Proença deu carta branca para a implementação de todas as medidas ultra liberais contra o mundo do trabalho, traiu os sindicatos e os trabalhadores.
João Proença é mesmo uma ameaça, um meias-tintas de rosa deslavado, colaboracionista com os interesses patronais mais retrógrados. Até agora, é directamente culpado de muita miséria que atinge as famílias portuguesas.
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