segunda-feira, 14 de maio de 2012
As eleições estaduais que Ângela Merkel perdeu.
Como era esperado, Merkel perdeu agora as eleições no Estado da Renânia do Norte-Vestefália. É relevante a sequência de derrotas do partido de Ângela Merkel, União Democrata-Cristã (CDU), só ou coligado em vários Estados com o Partido Liberal (FDP), com quem partilha o governo da Alemanha.
Merkel envolveu-se pessoalmente nas campanhas regionais, as derrotas também são dela. O parceiro Liberal ainda sofreu maiores desaires, não tendo conseguido resultados para continuar em alguns dos parlamentos. A tendência demonstra que esta coligação dificilmente governa a Alemanha após as eleições para o Parlamento Alemão (Bundestag), que são em Setembro de 2013.
O plano inclinado da direita alemã, foi marcado com a eleição para a cidade-estado de Hamburgo, a segunda maior da Alemanha, em 20 de Fevereiro de 2011. A CDU teve o pior resultado de sempre, perdeu metade dos deputados (56 para 28) e Olaf Scholz do SPD (Partido Social Democrata, membro da Internacional Socialista) conseguiu a raridade de uma maioria absoluta com 62 lugares.
A 27 do mês seguinte, Kurt Beck do SPD mantém a maioria absoluta no estado da Renânia-Palatino, enquanto o partido da coligação governamental FDP perde todos os 10 deputados. No mesmo dia em Baden-Wurttemberg, a coligação CDU/FDP perde a maioria do Estado, que mantinha à 58 anos, principalmente devido à subida dos Verdes que passaram de 17 para 36 lugares no parlamento, tornando-se Winfried Kretschmann (cabeça de lista dos Verdes) o primeiro-ministro presidente e o primeiro ecologista com tal cargo.
Maio, 22, a coligação SPD/Verdes mantêm a maioria no estado de Bremen, tendo subido 10 lugares no conjunto e a CDU descido, assim como o FDP governamental que perdeu todos os seus 5 deputados. Pela primeira vez os Verdes ultrapassaram o partido de Merkel numas eleições estaduais.
A 4 de Setembro, no estado de Mecklenburg-Pomerânia Ocidental, a região de origem de Ângela Merkel, o vencedor foi o SPD, que reconduziu Erwin Sellring e mais uma vez a CDU perdeu lugares; os Verdes entraram pela primeira vez no parlamento e o FDP perdeu os 7 deputados que tinha. Um partido de extrema-direita (NPD) tem assento neste parlamento.
Dias depois, a 18 de Setembro, no estado de Berlim, o SPD volta a ganhar e o mais relevante em termos da maioria de direita que governa a Alemanha é o desaparecimento do Partido Liberal do parlamento de Berlim, perdeu três quartos dos votos e todos os 13 deputados. Quem apareceu foi o Partido Pirata com 15 lugares na estreia. Sobre esta eleição ver AQUI.
Já este ano, a 25 de Março, a coligação CDU/FDP no estado do Sarre, perde a maioria, tendo o FDP conseguido apenas 1,2% dos votos e perdendo todos os lugares, era o sexto Estado onde o FDP deixava de estar representado. Sendo uma derrota da coligação, a CDU manteve o seu resultado.
A 6 do corrente mês foi a vez de a coligação CDU/FDP perder a maioria no estado de Schleswig-Holstein, onde estavam há sete anos no poder, o FDP desceu para metade, tendo a esquerda conquistado mais mandatos. É o segundo Estado em que o Partido Pirata consegue representação.
Agora, a 13 de Maio, no estado mais populoso da Renânia do Norte-Vestefália, que habitualmente permite leituras para as eleições federais, o SPD ganha com uma subida significativa fazendo com os Verdes (a esquerda/die Linke desaparece) uma maioria que promete para as eleições federais. Os “Piratas” são quem mais sobe e a grande derrotada é Angela Merkel, com um resultado desastroso. (ver quadro acima com gráfico comparativo com as eleições de 2010).
Como escrevi em Setembro de 2011, no post das eleições no estado de Berlim “ As eleições regionais, claramente perdidas pelas forças políticas do governo, sinalizam a subida sustentada dos sociais-democratas e dos Verdes, com condições para disputar o governo alemão. Para o conjunto da União Europeia seria uma enorme mudança, tendo como único senão o tempo. Com a crise do euro a necessitar de soluções urgentes, a previsível alteração do poder político na Alemanha pode chegar tarde”.
Provavelmente tarde para a Grécia acrescentaria agora, mas estas eleições estaduais, com a vitória de Hollande em França, vão impor mudanças na política interna alemã e na política europeia mesmo antes das eleições de Setembro de 2013 na Alemanha.
(Para ver últimos posts clicar em – página inicial)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário