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Ao contrário do que afirmam análises ligeiras às eleições gregas, não se pode ver a situação como antagonismos entre partidos pró austeridade e contra a austeridade, nem tão pouco falar em vitórias da esquerda ou da direita. Quem constituir governo na Grécia ou é para levar o país para fora do Euro, ou para gerir um plano “tipo troika” com as alterações que consiga introduzir – se a tanto ajudar o engenho e arte das mudanças que a eleição de Hollande irá permitir.
A grande maioria dos gregos não quer “sair do Euro”. Votaram furiosos contra a austeridade, conscientes da instabilidade que iam provocar, duvido que alguém saiba, na Grécia e nos arredores, como voltar a conseguir equilíbrios no curto prazo.
O memorando da troika falhou e os líderes políticos gregos foram incapazes, em mais de dois anos, de elaborar medidas para lidar com os credores, ou com as fragilidades estruturais da economia e do Estado. Estrangulados pelas opções da UE/FMI/Merkel, limitaram-se a ganhar tempo, esperando por uma mudança na política da União Europeia. Se ela chega a horas de poupar a Grécia a piores momentos não se sabe.
O sistema político grego complicou-se, nem a borla de 50 lugares para o vencedor permite maioria com dois partidos. Pelo perfil dos partidos (ver aqui) o que disseram em campanha e os resultados, nem há bloco central nem governo à direita e muito menos governo de esquerda. Se conseguirem uma coligação, será estranha e instável.
Os vencedores da Nova Democracia só constituem governo com alguém que tenha dito nunca se aliar com ela. O SYRIZA (erradamente designados de extrema-esquerda) apenas faria governo entrando os socialistas do PASOK e alguém à direita.
O normal seria novas eleições, mas aqueles que lucraram com o voto de protesto nem querem ouvir falar nisso. Governos nestas condições duram meses, como anteriores coligações contraditórias na Grécia.
Entretanto os capitais vão saindo, principalmente para a Alemanha, no mês que vem aumenta a tarifa da energia eléctrica e multinacionais como a Silchester tomam posição para dominar a empresa estatal de energia. Enquanto houver bens públicos para privatizar e bancos com créditos para receber, o dinheiro vai chegando só deixando para os gregos uma pequena parte, depois, depende da conjuntura na Europa.
Das esperadas mudanças na União Europeia, que se antevêem com a eleição de François Hollande, depende o futuro dos povos e da economia da Europa, mas dependerá também a paz. Uma preocupação latente raramente expressa.
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Nova Democracia (ND) – 18,85 % -108 lugares
Coligação da Esquerda Radical (SYRIZA) – 16,78% – 52 lugares
Movimento Socialista Pan-helénico (PASOK) – 13,18% – 41 lugares
Gregos Independentes – 10,60% – 33 lugares
Partido Comunista da Grécia (KKE) – 8,48% – 26 lugares
Alvorada Dourada (Golden Dawn) – 6,97% – 21 lugares
Esquerda Democrática (DIMAR) – 6,10% – 19 lugares.
1 comentário:
Engenharia eleitoral vicia o sistema Grego (nada) representativo:
- o 1.º partido mais votado, com cerca de 19 % conquistou 108 ou 109 deputados (50 dos quais oferta do sistema);
- o 2.º partido mais votado, Syriza, com cerca de 17 % conquistou apenas 51 ou 52 deputados.
Mas a improbabilidade esteve apenas a menos de 2 % de se voltar contra os engenheiros do sistema eleitoral.
Por isso é preciso participar, continuar a lutar, e acreditar que o sonho é possível de realizar… Quem não luta não poderá nunca saborear a vitória.
Na França como na Grécia fez-se ouvir um ruidoso voto de protesto contra a ditadura franco-alemã do casal desfeito MERCOSY , arquitetos duma austeridade desumana, que tem levado países, empresas e famílias à ruína. Sustentadores duma estratégia favorável à fúria dos sacro-mercados vampirescos. Sarcosy saiu derrotado e Merkel também perdeu em eleições regionais alemãs.
Foi uma bofetada de muitos milhões de eleitores europeus cansados de tanta austeridade, antevendo-se uma réstia de esperança de mudança, no sentido de readquirir tanto do que foi conquistado pelas classes laboriosas em muitas décadas, desbaratado em tão poucos anos, num profundo ataque ao estado social e ao emprego.
Em Portugal, para além de muitas empresas, a falência assola agora 20 famílias por dia.
Não nos podemos calar !
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