sexta-feira, 11 de maio de 2012
Grécia sob chantagem. Sondagem dá maioria ao SYRIZA.
Primeira sondagem pós-eleitoral na Grécia dá vitória ao Syriza. O inquérito é do Instituto Marc, a mesma empresa que fez em Fevereiro uma outra sondagem onde 7 em cada 10 gregos diziam ser a favor da “perspectiva europeia” (75,9%). Surrealista? Talvez não; primeiro as sondagens na Grécia são pouco fiáveis, basta verificar, por exemplo, que as três principais empresas colocavam o Syriza em quarto lugar (entre 9,1 e 11%) e foi segundo com 16,77%.
Depois deve-se contar com a percepção da política e a sensibilidade dos gregos às campanhas; culpavam em Fevereiro pela situação da economia grega, primeiro, os governos do país (81,8%), depois os mercados e os especuladores (9,3%), e 6,1% a troika. A Grécia é um terreno fértil para todos os populismos e as organizações políticas caracterizam-se por pensarem primeiro nos seus resultados. A táctica guia os comportamentos políticos em quase todos os quadrantes.
O mais importante é que a sondagem que dá vantagem ao Syriza foi realizada antes da “esperada” resposta dos credores às ameaças (para eles) da situação grega. O líder do Syriza, Alexis Tsipras, para além da declaração de nulidade do acordo de resgate e quando tentava (!?) formar governo, disse que ia nacionalizar a banca. Nacionalizações não se anunciam nestas ocasiões, o único resultado foi uma corrida “moderada” (segundo jornais gregos) aos depósitos, depois da fuga de capitais que se conhece.
À mensagem que o Syriza enviou, preocupante para o exterior também pela inabilidade política, a “Europa” respondeu não enviando a tranche completa do resgate. O FEFF creditou à Grécia 4,2 mil milhões em vez dos 5,2 mil milhões previstos, numa altura em que os gregos têm de reembolsar 3,3 mil milhões aos credores.
A Grécia entra em bancarrota em Junho se não receber a tranche destinada às despesas públicas. É uma situação de chantagem que os partidos políticos gregos tinham de ter previsto.
Radicalizar ou não a posição grega é a questão. Na carta de Tsipras aos líderes europeus, que hoje o jornal grego Kathimerini refere, já “baixou o tom do seu discurso pré-eleitoral, de rejeição unilateral dos termos do resgate” pede a “reexaminação do acordo”. A reexaminação do acordo pedia o próprio PASOK em período eleitoral quando Vanizelos solicitava a ampliação do período de ajuste.
A situação grega é complexa e pode ter consequências catastróficas, o jogo de pressões é perigoso para todas as partes.
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