terça-feira, 15 de maio de 2012
Novas eleições na Grécia. O que pode ser alterado?
A Grécia vai ter novas eleições legislativas. A ser assim, o que vai mudar? Pode mudar tudo se o voto anterior foi “um voto de protesto” a ser rectificado na próxima oportunidade, ou ficar tudo na mesma, sem capacidade de formar um executivo que negoceie ou aceite o acordo com a troika.
Antes das primeiras eleições, dizia no post " Eleições na Grécia. Quem são os partidos", que o futuro da Grécia dependia da capacidade política de Fotis Kouvelis, da Esquerda Democrática (DIMAR); ele não quis viabilizar o governo com PASOK e Nova Democracia (tinham 168 lugares, mais que o necessário), devido à elevada votação na Coligação de Esquerda Radical (SYRIZA). Seria incoerente com o que disse em campanha apoiando esse governo, como incoerente com o que tem dito depois. Já afirmou viabilizar tanto um governo de direita/centro esquerda (que negou antes) como um governo de esquerda.
Depois de exigir, durante as negociações com o presidente Papoulias o apoio do SYRIZA ao governo, Kouvelis rejeita agora a possibilidade de cooperar “mesmo após as próximas eleições” com o SYRIZA. Tal situação vai colocar os “radicais” perante um problema, com quem vão fazer um governo de esquerda? Ou simplesmente um governo!? O eleitorado já sabe agora (como já se sabia antes) que o Partido Comunista (KKE) é carta fora do baralho.
Ou há uma reviravolta na votação dando uma maioria aos “radicais” de Tsypras ou o PASOK e a Nova Democracia voltam a ter lugares suficientes para se entenderem a sós, ou com o DIMAR. O resto da direita apenas quer cavalgar o descontentamento.
Esta é a primeira parte; arranjar um poder interlocutor com a União Europeia que saia de eleições e não de tecnocratas nomeados. A outra, e definitiva, é colocar aos gregos a questão de quererem continuar ou não na União Europeia (UE), e em que condições. A “Europa” não deixou Papandreou fazer um referendo, que agora os gregos andam a fazer, da forma mais demagógica, confusa e anti-democrática que já se viu.
Os gregos não querem esta UE e ela ainda não dá mostras claras de ir mudar; devem-se pôr francamente as opções e decidirem em função dos níveis de austeridade e de capacidade de recuperação económica que uma ou outra solução transporta. O que se tem passado, que é consultar os gregos através de sondagens (ainda por cima nada fiáveis) para decidir posições políticas, é uma vigarice.
Não perguntaram aos gregos se queriam entrar na União Europeia (nem a nós) pelo menos perguntem-lhes se querem sair. Uma mudança na política europeia podia resolver o problema, que também é dos outros países da Europa, mas isso não cabe só aos gregos, que com muito risco e coragem já fizeram a sua parte.
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