sexta-feira, 17 de agosto de 2012

África do Sul. Da luta sindical à violência policial.

A vida dos trabalhadores vale pouco. Ago.2012
 
36 Mortos, baleados pela polícia; dezenas de feridos e centenas de detidos é o último episódio de uma semana de violência na mina de platina de Marikana, na África do Sul.

O acontecimento de ontem serviu para todo o tipo de acusações. Já se sabia que a polícia ia invocar legitima defesa; antes disso já jornais e televisões faziam grandes planos de lanças e catanas (o “nosso” Público tem um fulano lambendo uma ponta de lança) para se calhar justificar o tiroteio.

Acusações ao ANC, ao racismo, e quejandos, são mato; referências à empresa exploradora da mina, que é a outra parte do processo reivindicativo, passaram ao lado.

Os mineiros estão em greve há uma semana, reivindicam melhores condições de trabalho e aumento salarial. A companhia inglesa Lonmin considerou a greve ilegal e houve trabalhadores que quiseram voltar ao trabalho, o que provocou confrontos entre mineiros.

Desses primeiros confrontos resultaram 10 mortos, tendo nos dias seguintes havido mais (2 ou 4 segundo as fontes). Haver mineiros armados, de forma rudimentar, na quinta-feira, é o resultado da violência que nem os sindicatos, nem a companhia mineira, nem a polícia quiseram os conseguiram controlar.

À rivalidade entre dois sindicatos e a radicalização da luta dos mineiros, a polícia respondeu com aparato militar e o uso de armas letais, a lembrar a repressão de outros tempos na África do Sul.

A Lonmin limitou-se a criticar a polícia por não ter conseguido manter a “ordem e segurança nas instalações desde o início da violência”.

Do processo reivindicativo não se sabe o futuro; num dia 36 trabalhadores morreram porque queriam ser menos explorados, a platina subiu 15% nos mercados e as acções da Lonmin perderam 17,5%. É essa a notícia da Sky - as acções baixaram…

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