sábado, 18 de agosto de 2012
Paz na Síria nas mãos da Casa Branca e Lakhdar Brahimi.
Brahimi quer saber com que apoio pode contar e a Casa Branca quer saber mais do mandato do emissário da ONU e da Liga Árabe.
Resume-se nestas incertezas a seriedade da missão de paz do novo mediador Lakhdar Brahimi.
Os Estados Unidos tiveram uma primeira reacção, nada prometedora para o fim do conflito sírio; o porta-voz do presidente Obama, Josh Earnest, declarou aos jornalistas que precisam “de mais detalhes da parte da ONU sobre o mandato de Brahimi no seu novo cargo”.
O secretário-geral da ONU tem tido posições contraditórias, ora alinha por soluções que vão no caminho do belicismo, ora pelo trilho das negociações, substituir a missão de paz de Kofi Annan, pelo experiente diplomata argelino Brahimi é dar uma oportunidade à paz negociada. Desta vez, Ban Ki-moon diz que “mais combates e militarização apenas vão exacerbar o sofrimento”.
As declarações da Casa Branca são reticências à missão de paz, o “mandato” do actual mediador só pode estar de acordo com as “boas práticas” introduzidas nas operações de manutenção de paz, depois do Relatório do Grupo para as Operações de Paz da ONU, elaborado em 2000, e conhecido por Relatório Brahimi.
Foi Lakhdar Brahimi quem chefiou o grupo de peritos que elaboraram as condições mínimas necessárias para o êxito das missões de paz, entre elas “ a obtenção de um mandato claro e especifico e o consentimento das partes em conflito”. A exigência de Brahimi, de saber com que apoio conta, inscreve-se nessas condições.
Ou seja, sem cessar-fogo não há processo de paz, e não há cessar-fogo enquanto a Casa Branca e os seus aliados apoiarem a militarização da oposição ao regime, e os países mais influentes junto do poder sírio não exigirem o fim das acções militares de Assad.
A China, sem reticências, promete cooperar com o novo enviado da ONU.
Brahimi pode ter uma missão impossível mas vai decerto esclarecer quem quer a paz e quem fomenta a guerra na Síria.
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