quinta-feira, 8 de março de 2012
Alemanha. Semana de greves por melhores salários.
Dezenas de milhares de trabalhadores alemães participam durante esta semana em paralisações parciais em vários Estados do país. Convocados pelo sindicato Verdi, que representa 2,2 milhões de trabalhadores dos serviços, (cerca de um terço da confederação DGB); reivindicam aumentos salariais de 6,5% no sector público.
Para melhor se entender a luta dos trabalhadores alemães, basta dizer que têm os ordenados praticamente congelados há anos (mais de um década), não tendo usufruído do desafogo económico conseguido pelo seu país.
A “moderação salarial” que já vem da década de 90 e o congelamento de salários do período após 2005 criou uma crescente desigualdade entre os alemães e consequente contracção do consumo interno.
Há sete anos (15 depois da reunificação) o desemprego era de 10,5% na parte oeste e 20,7% na parte oriental da Alemanha; 5,22 milhões desocupados, quando em Portugal tínhamos 7,1%; abaixo da média europeia de 8,9%.
Os trabalhadores sofreram rudes reformas nessa altura para alcançar a competitividade do modelo de exportações alemãs, os custos unitários de trabalho reduziram cerca de 30% em relação a vários países da zona euro. O “milagre” da produtividade, conseguido à custa da desvalorização do trabalho, conseguiu um superávit comercial da Alemanha dentro da zona euro.
Os desequilíbrios de hoje, na EU, vêm daí, a Alemanha resolveu o seu problema criando aos parceiros da Europa menos industrializados e receptores das suas exportações, um problema que não tinham antes destas disparidades. A moeda única não permite soluções cambiais, o ordenado médio dos países do sul não facilita a desvalorização dos tais 30% de que falava (no nosso caso) Krugman.
Decalcar do “milagre alemão” as soluções, como quer a troika e aconselha a Merkel ao relações públicas do governo de Vítor Gaspar, é milagre para pastorinho ver. Se Portugal não é a Grécia, muito menos será a Alemanha industrializada e organizada. Aqui os custos salariais não são a parte do leão da produção e levaremos décadas a reconstruir o que já tivemos quanto mais a equipararmo-nos.
Por outro lado, uma politica expansionista, o aumento dos salários e logo do consumo interno alemães, fazem no curto prazo mais pelo equilíbrio na zona euro que os esforços, para mim inglórios, de austeridade “custe o que custar” nos países em dificuldades.
Por isso, o sucesso das lutas dos trabalhadores alemães, para além da solidariedade com quem pugna por mais justiça na distribuição da riqueza, merece atenção pelas implicações na crise que passamos.
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1 comentário:
Já era tempo dos sindicatos alemães se mexerem.
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