quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Síria.Rebeldes atacam bairros cristãos em Damasco.
Os bairros “tradicionais” cristãos de Bab Touma e Bab Charqui, em Damasco foram atacados por rebeldes. Apesar de ser reportado pelas agências internacionais de notícias e pelo auto intitulado Observatório Sírio dos Direitos Humanos, a imprensa portuguesa demora a dar a notícia.
A RTP adiantou-se no seu noticiário, onde esperava ver o enviado especial Paulo Dentinho, mas ele desapareceu dos écrans. É um caso curioso; o jornalista Paulo Dentinho, responsável pelas reportagens mais caricatas da guerra da Líbia, para onde foi com a cartilha e personificou o medo de quem não estava preparado para repórter de guerra, foi enviado à Síria.
Apareceu uma vez num telejornal a dizer que as coisas na Síria são mais complexas do que se imagina (imagino eu, para quem só lê a imprensa portuguesa).
Dentinho tinha falado com cristãos que lhe expressaram o receio que tinham de um poder islamita, depois fez uma reportagem com eles, filmou clérigos e igrejas cristãs e desapareceu dos noticiários da RTP (que eu tenha visto). Estranho ou talvez não.
Os rebeldes terem entrado em bairros cristãos “frequentados por turistas e palco de manifestações pró-Assad” segundo a imprensa, é significativo e deita por terra a tese de um confronto “dos sírios” contra a minoria Alauíta. É mais complexo, como afirmava Paulo Dentinho quando estava de serviço.
Volto a lembrar que as vítimas do atentado terrorista de Damasco foram o vice-ministro da defesa, Asaf Shawat (alauíta), o ministro da defesa, Daud Rajiha (cristão) e o ministro assistente Hassan Turkomani (sunita). São portanto várias as religiões representadas no poder de Damasco.
Os jornais portugueses falam hoje do discurso do presidente Bachar al-Assad, mas até esta hora não há notícia do ataque dos rebeldes a bairros cristãos, apesar de a RTP o ter feito na hora de almoço. Não é anormal?
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2 comentários:
Não, Carlos, infelizmente é normal.É mesmo o que há de mais normal e habitual: a sonegação, por parte dos "media", de parte substancial da realidade. Pela simples razão de os seus agentes não abarcarem a sua complexidade e ficarem-se pelas falsas "evidências" que se adequam ao "pensamento" dominante. E o que é mais preocupante (não te posso enviar uma intervenção minha, intitulada "As Evidências", num colóquio numa festa do "Avante!", há uns bons anos, com o Mário Mesquita e outros jornalistas e estudiosos dos "media", porque a fiz a partir de algumas notas e tive preguiça de a reinventar por escrito, apesar de muito instado) é que, se alguns dos chamados jornalistas actuam conscientemente, a maioria (o Baptista Bastos chamou-lhes "simpatizantes"...) deixa-se ir na onda do que "coincide" com as "evidências" que lhe são oferecidas quotidianamente, de que as "necessariamente" gloriosas e "democráticas" consequências das "primaveras" árabes, que estão a redundar - como era previsível! - na ascensão ao poder de fanáticos muçulmanos que, como sabes, identificam o Estado com o seu mito religioso e as leis civis com a "sharia". É mais fácil afastar o que não se integra na "corrente maioritária" do que aprofundar as questões, analisá-las e debatê-las, sobretudo quando prevalecem a ignorância e a falsa "formação", quer seja colhida na Universidade (que cada vez mais, nestas áreas, se limita a passar "ad aeternum" as mesmas tretas pseudo-científicas), quer a acumulada pela apressada e acrítica leitura de "ensaios" ocos.
Não há nada pior do que coisas como: senso comum, normalidade, evidência, moral "adquirida" e similares. Foram sempre os coveiros da Democracia. E (oxalá me engne!) continuarão a sê-lo.
Atenção!
Onde está, no meu comentário, "de que as "necessariamente"...", deve ler-se: "de que são exemplo as "necessariamente"..."
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