segunda-feira, 9 de maio de 2011

(arquivo) Acabar com os governadores civis.


O fim dos governadores civis é razão para apoiar Passos Coelho? Não chega. Mais importante que as medidas popularuchas são aquelas que propõe para além das exigidas pela” troika”.
De qualquer maneira fica aqui um texto de 2009, sobre uma região que ficou lesada pelo desinvestimento no SNS; e sobre o seu Governador Civil.


«Alexandre Chaves, agora com o título de governador civil de Vila Real, é um homem confuso com a missão que pensa ter. Foi a Chaves defender que o Hospital de Chaves não é viável devido à falta de médicos; ora toda a gente sabe que nenhum hospital é viável sem médicos, seja em Chaves em Londres ou no Afeganistão. Um hospital sem médicos não é um hospital; o de Chaves já teve mais profissionais qualificados que agora, já foi mais hospital.

O problema reside na degradação dos serviços e no êxodo de médicos do hospital público; aliás gostaria que alguém fizesse as contas para ver se a região tem mais ou menos médicos; contem lá os que estão a exercer no distrito, incluindo aqueles das clínicas privadas que vão nascendo por todo o lado, e depois conclua-se a quem interessa a ruína do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Sendo Alexandre Chaves uma pessoa das Ciências Sociais, deveria pensar nas pessoas de menores recursos e sem os privilégios da ADSE e outras “caixas” especiais, que pagam com o dinheiro de todos os cuidados de saúde fora do SNS.

Alexandre Chaves está ligado à água desde sempre, veio de Águas Frias, esteve com águas mornas na sua presidência de câmara, incapaz de fornecer água aos munícipes, foi na enxurrada de autarcas premiados pelo PS para figurarem no parlamento, voltou à empresa de águas da região e agora quer ser uma ponte. Meteu água no desejo de ser ponte entre a região e o governo. Devia ouvir e transmitir os desejos e preocupações dos flavienses ao governo, mas lá foi adiantando que o que está resolvido está bem; foi o governo que assim determinou e como a todos os comissários políticos de província, cabe-lhe defender o status quo, manter as águas mansas.
É uma ponte num só sentido, e mais um empecilho para as reclamações da região chegarem a Lisboa.

Já o escrevi antes e é a opinião de muita gente, os governadores civis são uma despesa inútil para os contribuintes, aquilo para que servem não vale o dispêndio.

Na premência de mostrar a sua utilidade, o Governador Civil de Vila Real, pessoalmente uma simpatia, após a reunião com a Associação Comercial do Alto Tâmega disse: (transcrevo do Semanário Transmontano); “Há uma certa tensão, os empréstimos bancários não chegam às Pequenas e Médias Empresas. E, por isso, aquilo que irei transmitir ao Ministério da Economia é que a banca está cada vez mais longe das PME´s e os spreads mais altos”. Pronto, em pessoa e ao vivo, directamente de Trás-os-Montes, uma grande novidade para o Ministério da Economia, que fará chegar ao ministro Pinho, e este ao ministro das Finanças e ao primeiro-ministro. Como resultado, o governo reunirá de urgência, sendo expectável a nacionalização imediata dos bancos, começando a resolução da crise Mundial no exemplo tenaz do Alto Tâmega, comandado pelo robusto Alexandre Chaves.

 Terá uma estátua a condizer com o feito heróico, em tamanho natural, montado numa cabra, para não escorregar como a pileca do general Silveira.

Já agora, junto com as preocupações da ACISAT, transmita ao ministério, da minha parte, algumas das razões da paralisação do sistema de crédito.
O G-20 e o governo português, têm em comum acreditar que o mercado financeiro se equilibra com injecção de capital na banca e mais regulação, como se a crise fosse fruto da malandrice gananciosa e não duma ideologia económica e política, ensinada nas universidades, que não querem abalar mantendo os off-shores, e não tomando uma única medida contra a especulação. Esperar que o sistema financeiro esteja satisfeito com o capital recebido dos Estados e dos depositantes, para restaurar a confiança, significa que vão colapsar muitas famílias e empresas, senão a sociedade.
 De nada tem servido o BCE baixar as taxas de juro, pois a banca sobe ainda mais as taxas e encargos, em nome da garantia do retorno dos financiamentos.

Sem preocupações ideológicas a Suécia nos anos 90 nacionalizou toda a banca, reprivatizando-a após a normalização da crise.

Ou Alexandre Chaves convence disto os ministros, ou fazemos uma chanfana com a cabra e fica apeado no meio da ponte.

P.S.  – Noticia de hoje: “Fisco deixou prescrever correcções ao IVA feitas à banca, no valor de 3,7 Milhões de Euros! Será o mesmo Fisco, lesto a multar qualquer atraso aos outros contribuintes? Juntem-se mais uns bichos à chanfana!»

In Semanário Transmontano
Publicado em 06/04/2009 com o título
“O governador civil de Vila Real”.

                                                                                                                                                     

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