Passos Coelho que esteve “do lado daqueles que acharam que era preciso legalizar o aborto” como disse hoje; não resistiu à pressão de estar a dar uma entrevista na Rádio Renascença e passou a querer reavaliar a lei admitindo “um novo referendo sobre a matéria”.
A minha primeira reacção, é perguntar àqueles que se querem abster ou votar em branco nas próximas eleições, permitindo assim que as forças mais retrógradas sejam poder, se não ficam incomodados. Se não os incomoda que haja mulheres que voltem a ser consideradas criminosas, se não os incomoda o regresso das mulheres ao mundo do aborto clandestino. Respondam dia 5.
O que pretende Passos Coelho? Mais votos com a questão do aborto? Ou convocar a esquerda desmobilizada para ir votar?
Os erros detectáveis das campanhas eleitorais têm a sua génese na ideologia das forças políticas, não são apenas desacertos técnicos ou enganos de marketing. A presente campanha assenta em vários equívocos.
Na direita, (hei-de falar na esquerda) a nova liderança (considerada ultra liberal) do PSD, ao fim de um ano ainda não tinha sequer pensado num programa de governo; não é essencial para a campanha mas é básico para o acerto das declarações públicas dos filiados. Cada cabeça sua sentença é a imagem do PSD.
O “concurso de ideias” lançado na “sociedade civil” que serviria para auscultar a reacção da opinião pública aumentou a confusão, e ligou Passos Coelho e o PSD a disparates impagáveis. Ficou para sempre a imagem de amadorismo e impreparação. Não se entendem, o que é normal num partido que abarca desde sociais-democratas à ultra-direita portuguesa mais extremista, as divergências são públicas, o líder frouxo e indeciso ajuda.
Enganou-se na análise de que era fácil “ir ao pote” por desgaste do adversário, e deu a maior cabeçada ilusória quando pediu uma maioria absoluta, o que o levou a não procurar uma coligação com o CDS/PP; erro maior quando agora se verifica que o esforço é para fazer um governo PSD/CDS.
Apresentou um programa (Outsourcing made in Catroga) que ultrapassa em radicalismo neoliberal e punição sobre os portugueses, tudo aquilo que o acordo da troika exige.
As gafes sucedem-se a ritmo vertiginoso, antes e durante a campanha, os debates deram em nada, e apesar de ser levado ao colo pela comunicação social e os chamados “líderes de opinião”, apesar de ter O PCP e o BE a desgastar o seu adversário, não tem êxito assegurado.
Com erros ou sem erros tácticos, tenho dúvidas que Passos Coelho tivesse tão grande número de intenções de voto, se os portugueses soubessem tudo o que se propõe fazer.
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