O que se passa actualmente na Grécia, com dificuldades em cumprir o “Memorando de Entendimento” que assinaram com a troika, e o abandono a que foram votados pelos ricos da Europa, devia centrar as preocupações nacionais.
O que devia estar a ser discutido na campanha eleitoral era o programa de governo que a troika impôs, a sua aplicação na situação portuguesa, e as consequências.
Temos passado o tempo com as gafes de Passos Coelho e as respostas de Sócrates às rábulas, esquecendo as certezas que nos esperam.
A esquerda contribui para o debate autista; ao PS não interessa admitir o que assinou, e à sua esquerda temos a demagogia de que é possível continuar como se nada tivesse acontecido no mundo. A ideia que temos uma crise isolada, criada por um só homem, não entra em casa de ninguém que tenha televisão.
PCP e Bloco gastam o tempo a atacar um governo que tem uma semana de vida e que está mais que avaliado. Os portugueses querem saber quem vai governar a seguir. Se as intenções de voto no PS são muitas não é por não se saber o que Sócrates fez (de positivo e de negativo), há muita gente que o apoia para governar nas circunstâncias especiais que aí vêm. Numa semana isso não vai ser alterado.
Já antes referi aqui a privatização das águas. A Grécia não queria privatizá-las, nem os portos, a ferrovia, os correios, entre outros, mas o governo de Papaconstantinou (finanças) está a ser obrigado a fazê-lo, por causa do incumprimento das metas acordadas.
O “nosso” “Memorando de Entendimento” nas medidas orçamentais estruturais – Privatizações, (pág.14 trad. ponto 3.31) – não refere qualquer privatização das águas até ao final de 2011. Mas diz também que: “O governo identificará, na altura da segunda avaliação trimestral, duas grandes empresas adicionais para serem privatizadas até final de 2012” . Aquando da avaliação já teremos outro governo. Passos Coelho já disse que quer privatizar as Águas de Portugal e a Caixa Geral de Depósitos, Sócrates e o PS, assim como a restante esquerda já disseram que se opõem.
Se Passos Coelho for o próximo primeiro-ministro e tiver uma maioria parlamentar os bens públicos levam sumiço.
Só um esforço contra a abstenção e o voto branco (que vai para o vencedor) pode evitar a privatização das Àguas e CGD.
Mesmo assim e olhando para a Grécia, é capaz de não chegar.
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