Todos os que escrevem sobre as eleições fazem campanha, não há independentes, e muito menos entre os que defendem a abstenção ou o voto branco.
Uns andam a fazer pela vida outros pelas convicções, e muitos outros só pela satisfação do ego. O “egomarketing” era um luxo, só acessível a colunistas e directores da comunicação social até ao advento dos blogues e similares.
A difusão da opinião política individual permitiu uma maior intervenção cívica, o que é bom. Em contrapartida trouxe a democratização da asneira, não do que se diz mas do que se quer conseguir com o que se diz. Anda tudo convencido que tem muita influência sobre os outros, que o povo é estúpido e só precisa de reeducação, que lhe façam a cabeça.
A verdade é que as técnicas de propaganda clássicas estão a falhar, talvez pela primeira vez há atenção da população ao que se diz e faz em torno da política. Há a percepção de que as próximas eleições são cruciais para as suas vidas. E prestar atenção é não ligar ao secundário que enxameia os órgãos de comunicação social e a blogosfera.
A maioria da blogosfera apenas replica os argumentos partidários, é uma caixa de ressonância inútil e cansativa. Divide-se ridiculamente em comunidades de blogues de esquerda e de direita, alimenta audiências que lêem o que querem ouvir, não têm alvo.
As razões porque Sócrates não tem hoje intenções de voto na ordem dos 20%, está empatado com Passos Coelho, e em algumas sondagens à frente, não é porque Sócrates é um fenómeno, corresponde à diferença de políticas, de personalidades e da abordagem aos eleitores.
Não existe nenhuma máquina tremenda de propaganda do PS, antes pelo contrário, todos os chamados líderes de opinião, de todos os sectores, o atacam. Veja-se os dados do serviço Telenews da Media Monitor.
Sócrates e Cavaco Silva foram durante 2010 as personalidades políticas com mais tempo nos noticiários das televisões; é normal eram o poder.
Em Abril o protagonista foi Passos Coelho com perto de 6 horas, enviando Sócrates para quase metade do tempo, 3 horas e meia. Se juntarmos o tempo de Portas e Relvas mais Jerónimo e Louçã, (que o designaram inimigo principal), Sócrates quase desaparece. E o efeito desta diferença deu na subida das intenções de voto no Partido Socialista.
Se há algum case studi é sobre as capacidades da oposição a Sócrates; dos partidos, dos comentadores, dos directores de jornais e televisões. A teoria “Rangel” que uma televisão faria eleger um presidente está a ir pelo cano. A outra teoria, que acho mais divertida, é quanto mais aparecem mais se enterram. Daí que Fernando Nobre seja peça decorativa, Relvas e Nogueira Leite estejam desaparecidos em combate, e Catroga desterrado em férias brasileiras.
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