A candidata ao FMI (já ganhou) Christine Lagarde, repetiu que é contra a reestruturação das dívidas dos países que recorreram à “ajuda” externa.
Já é mania da direita europeia usar os problemas dos que estão em dificuldades, para se apresentarem candidatos fortes a qualquer coisa.
Christine Lagarde, tal como o espadachim de Paul Féval, Lagardère, mede mal as consequências dos seus actos. Dizia em Abril que não havia lugar a qualquer discussão sobre a reestruturação da dívida grega, e é o que se vê. Dizia também que Portugal iria funcionar como corta-fogo da crise da dívida soberana na Europa, e é o que se vê. O “corta-fogo” está no braseiro da troika e a crise soberana ameaça sair da periferia para o centro da Europa.
Em França é acusada de decidir à Lagardère o caso Bernard Tapie escolhendo em vez da via judicial, resolvê-lo no privado por via arbitral, o que custou 285 milhões de euros ao erário público; outros casos semelhantes são denunciados no site Mediapart. Um de ter parado um inquérito da Direcção Geral da Concorrência, decidido em tribunal como ilegalidade mas ainda em recurso, e outro de abuso de poder que vai ser julgado.
A sucessora de Strauss-Kahn, especialista em direito da concorrência é também perita em direito de trabalho, e isso já é connosco. O acordo com a troika tem medidas, como o despedimento à Lagardère (passe a expressão) que não está a ser discutido na campanha eleitoral, e é ilegal à luz da nossa Constituição – em vigor, por mais papéis que os partidos assinem com o FMI.
O PS recusa a revisão constitucional (é necessária uma maioria de 2/3) para rever a “justa causa nos despedimentos”, mas há mais leis que uma maioria parlamentar de direita pode aprovar. E se as dívidas se pagam ou reestruturam, os direitos uma vez perdidos dificilmente se recuperam.
Faltam poucos dias de reflexão para os cidadãos de esquerda, que pensam abster-se ou votar em branco, decidirem se querem com o seu voto ou falta dele, contribuir para uma maioria de esquerda ou de direita na Assembleia da República.
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