O governo argentino acusa o Reino Unido de militarizar o Atlântico Sul, de ser a maior potência militar na zona, e de levar armas nucleares para a América Latina, quando todos os países da região são signatários do Tratado de Tlatelolco (1967) que proíbe armamento nuclear na América Latina – uma zona livre de armamento nuclear.
Em conferência de imprensa nas Nações Unidas, na última sexta – feira, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, apoiado por embaixadores de vários países da sua região, apresentou o documento entregue ao presidente da Assembleia Geral da ONU, ao presidente do Conselho de Segurança e ao Secretário-geral Ban Ki-moon.
Apelando às Nações Unidas como “máximo organismo de defesa da paz” disse ser obrigação da Argentina “dar uma oportunidade à paz, desafiando a Grã-Bretanha a fazê-lo também”. Com o apoio de slides apresentou as bases militares inglesas (acima) nas ilhas: Assunção, Santa Helena, Tristão da Cunha, Malvinas, Geórgia do Sul/Ilhas Sandwich do Sul e Antárctica.
Timerman denunciou o Reino Unido como a maior potência militar no Atlântico Sul; “com essas bases controla não somente todo o tráfico de passagem pelo Atlântico Sul, como também todo o tráfico marítimo e aéreo que passa entre a América do Sul e África; controla os acessos ao Oceano Pacífico e ao Oceano Índico. É essa a situação militar que existe hoje no atlântico Sul”.
Pormenorizando, Timerman disse que a Argentina “tem informações de que a Grã-Bretanha enviou um submarino nuclear Vanguard para as Malvinas com capacidade de albergar armamento nuclear. (nota: os mísseis balísticos -16 - fazem parte do armamento dos Vanguard, podem carregar 12 cabeças cada de ogivas nucleares com diferentes destinos). Referiu que não era a primeira vez que há razões para esta denúncia, “como foi reconhecido em 2003”. Soube-se “através de um serviço de inteligência, que anos antes, a Grã-Bretanha, tinha feito um transbordo de material entre dois barcos no Atlântico Sul e tiveram um acidente no qual se correu o risco de propagação nuclear na zona”. “Nós não vamos aceitar que exista armamento nuclear na zona de influência da América Latina”, afirmou.
Também o avião Typhoon II “está nas Malvinas. Este avião leva o poder aéreo da Grã-Bretanha da 3ª à 5º geração tecnológica, o maior salto tecnológico na região nos últimos anos”. “Das Malvinas pode alcançar parte da Argentina e do Chile, o Uruguai, e parte do Brasil, sem reabastecer, (apesar de poder abastecer em voo), e disparar os mísseis Taurus (que têm nas Malvinas) cujo alcance é de 500 km e foi desenhado para destruir bunkers reforçados; os mísseis Taurus combinados com o avião Typhoon II transforma-se na arma ofensiva mais letal a operar no Atlântico Sul”.
Timerman ainda denunciou o polígono de tiro na região, usado para ensaio de mísseis sem avisar a organização marítima internacional, pondo em risco rotas de navegação das mais importantes do mundo, e o sistema sofisticado de radares e comunicações, base global da Grã-Bretanha e ligados aos sistemas dos EUA, da França, Japão e Canadá, sistemas esses de controle marítimo e aéreo de toda a zona sul americana.
Segundo o representante do governo Argentino, “a Grã-Bretanha tem reduzido o investimento em defesa em todo o lado excepto no caso das Malvinas”. E conclui, “em nome de uma infundada defesa, pois as Nações Unidas, desde 1965 declarou haver um conflito de soberania entre a Grã-Bretanha e a Argentina, e a Argentina, na sua Constituição, garante que somente através da paz vai procurar a recuperação da sua soberania” sobre as Malvinas.
Por fim Timerman afirmou que “a Argentina insta uma vez mais a Grã-Bretanha a cumprir com as resoluções das Nações Unidas, a sentar-se à mesa das negociações e a desistir desta escalada militar que está levar adiante no Atlântico Sul”.
São onze as resoluções das Nações Unidas nesse sentido, mas nisto de resoluções da ONU, uns países são invadidos com base nelas, outros fazem orelhas moucas e nada lhes acontece.
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