quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Troika exagerou na austeridade. Poul Thomsen quer abrandar.
Enquanto se continua a aturar as mensagens dos governantes portugueses de que vamos cumprir com o acordo troiko custe o que custar, sem interessar a quem custa, é a própria troika através do seu líder, o dinamarquês Poul Thomsen, do FMI, que vem dizer “Temos de abrandar um pouco no que diz respeito ao ajustamento orçamental”.
Thomsen fez estas declarações ao jornal grego Kathimerini, citado pela nossa imprensa; diz também “que tem de se acelerar na implementação das reformas estruturais” e sabe-se o que isso significa.
Já em Novembro passado, em entrevista ao Expresso, Poul Thomsen tinha afirmado: “Se virmos a economia afundar-se reconsideraremos as medidas de austeridade”. Que a economia está a afundar-se só não vêem os autistas do PSD e CDS mais os ministros estrangeirados que foram buscar. Todos os indicadores estimados no Memorando troiko estão ultrapassados, do nível de desemprego à contracção do PIB; A recessão está instalada mais profundamente também graças às medidas “além da troika” de Passos Coelho/Paulo Portas.
Ao contrário do que afirma Passos Coelho, é evidente que o futuro do país não depende do cumprimento do Memorando. O Memorando idealizado para Portugal, como para a Grécia, falhou. O que assistimos agora é a um Passos Coelho agarrado a um documento que lhe permitiu começar a implementar um projecto ideológico.
Para o FMI (principalmente esta parte da troika) repetir a dose do remédio que falhou flagrantemente na Grécia, em Portugal, sem atender aos ensinamentos que o erro grego traz, é um factor de desprestígio na instituição e nos agentes envolvidos. Falharam em muitos lados mas nenhum tem a visibilidade da situação europeia.
Vamos provavelmente assistir à resistência do governo português em abrandar as medidas de austeridade. Seria um caso único no mundo e na história da ingerência do Fundo Monetário Internacional; um governo pior para o povo que o elegeu, que a intervenção forçada do FMI.
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