quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Líbia o fracasso anunciado. Milícias são o poder.
Para se saber algo do que se passa na Líbia é necessário procurar na imprensa mais longínqua como a turca ou russa que a ocidente caiu um manto de silêncio (censura?) nas redacções. Alguma coisa está errada na “revolução Líbia” para não ser seguida pelo jornalismo ocidental.
Como amanhã o levantamento de Benghazi faz um ano, não há como continuar a esconder a realidade líbia. O jornal Público, a partir de um relatório da Amnistia Internacional publica hoje um artigo. As violações de direitos humanos cometidos “com toda a impunidade” por diferentes milícias ameaçam a “nova Líbia” que deveria surgir com a vitória da revolta contra Muammar Khadafi.
A democracia, que estava logo ali, bastava “derrubar o ditador”, não aparece, o poder está dispersado por milícias armadas de obediências várias, umas “naturais”, das tribos, outras dos novos senhores da guerra, facções das forças vencedoras ou representantes de forças externas à Líbia.
Entre as milícias dos “revolucionários” que não desarmam por não confiar no caminho que o CNT poderá dar à Líbia e as milícias tribais que simplesmente não obedecem nem reconhecem o poder que o ocidente arranjou para o país, serão centenas. O CNT dividido por querelas internas e cuja legitimidade é posta em causa permanentemente, não controla nem as grandes cidades. As milícias exercem o poder livremente.
Em Tripoli manda a “lei” das milícias que conquistaram a cidade, são polícias, exército e poder judicial, prendem, torturam, pilham e lutam entre si; o governo provisório é incapaz de as controlar.
Continuam os ajustes de contas com os vencidos, as prisões arbitrárias e a tortura; os Médicos Sem Fronteiras abandonaram Misrata por em vez de assistirem vítimas de guerra, estarem “a tratar repetidamente os mesmos pacientes entre várias sessões de tortura”.
Espera-se que a situação na Líbia sirva para mais alguém que aos russos e chineses, (arrependidos de não vetarem a “no-fly zone” origem da intervenção estrangeira) agora que se ensaiam novas Líbias em nome dos mesmos “direitos humanos”, que pioraram na Líbia após a Guerra feita em seu nome.
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