quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Manifesto contra energias renováveis. Sócrates e o nuclear.
O lóbi da energia nuclear apresenta hoje, pela terceira vez, um manifesto contra as renováveis. A altura não podia ser pior e os argumentos tão pouco convincentes. Como vem anunciado ser contra o “monstro eléctrico” “consequência da política do governo de José Sócrates”, pode-se pensar ser mais da clássica fumaça para desviar atenções, no dia em que os portugueses são massacrados por mais aumentos brutais nos transportes.
A não ser assim louva-se a insistência, particularmente após os incidentes de Fukushima que aconselhariam a hibernação por uns tempos de propostas para centrais nucleares. Não significa que não se possa discutir o Nuclear, mas tem de ser com argumentos sérios. As alcavalas na factura da EDP e os preços da energia para 2013 não é o caso, são um embuste porque não vai haver energia nuclear portuguesa para o ano, nem que estivesse decidido há dez anos atrás.
O manifesto foi anunciado como sendo de especialistas em energia, mas só se vêem banqueiros e Industriais a assiná-lo. Desta vez não é encabeçado por Mira Amaral, como em 2010, (está assinado por ordem alfabética) devido a ter-se sabido que Mira Amaral, que agora é contra a energia eólica dinamizada pelo governo Sócrates, apresentou a esse mesmo governo Sócrates um projecto de parque eólico off-shore ao largo de Aveiro; foi-lhe recusado por Manuel Pinho. Se lhe tivessem dado luz verde seria hoje um industrial das “eólicas” como o seu camarada de partido Carlos Pimenta, e nós teríamos mais alcavalas na factura da EDP, para pagar o custo mais elevado dos parques off-shore.
A “factura” da EDP tem de ser renegociada (como as parcerias publico privadas) mas isso nada tem a ver com o diferencial de custos entre fontes energéticas, são contratos e não opções, não há solução que não seja diversificar as formas de produzir energia, dizem os especialistas e parece ser de bom senso. A União Europeia aposta nas renováveis e Obama enfrenta o poderoso lóbi dos petróleos para fazer o mesmo.
O preço da energia de origem fóssil tem tendência a subir e a aproximar-se dos valores da eólica. É para isso que Paulo Portas está a trabalhar no Conselho de Segurança da ONU, promovendo novas aventuras bélicas na Síria e no Irão. Ai está o verdadeiro problema, que ameaça elevar o custo do crude a valores incomportáveis pelas economias globais.
Ainda ontem vi na televisão um especialista dizer que em condições normais o preço do barril devia estar à volta de 45 dólares, está a mais de 110 e o Irão afirma que ultrapassará 150 dólares em caso de conflito no Estreito de Ormuz.
Este é o problema nuclear, nada tem a ver com a energia nuclear.
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