Os portugueses queixam-se de estarem a ser roubados nos seus salários e direitos, queixam-se da precariedade laboral e do desemprego, queixam-se do trabalho gratuito e de lhes tirarem os seus dias de descanso, queixam-se dos aumentos dos transportes, energia e outros bens essenciais, queixam-se das desigualdades e do empobrecimento. Não são pieguices.
Piegas é Passos Coelho com a lamúria de não o entenderem, nem cá nem no estrangeiro. Não lhe entendem as desmesuradas nomeações de amigos e familiares de governantes para cargos públicos, ou como ficando mais pobres pagamos a dívida que não pára de crescer, ou as mentiras da campanha eleitoral. Não lhe entendem que faça da caridade, política social; da cedência ao terrorismo económico dos mercados, estratégia de governação; da independência nacional, gato-sapato.
O piegas Passos Coelho assumiu o discurso vergonhoso alemão, de que aqui não se trabalha – “os países preguiçosos do sul” – e tem o descaramento de o dizer a todos os que lhe pagam o ordenado.
No fundo, Passos Coelho pensa como os contribuintes alemães, a quem convenceram que estão a dar do seu dinheiro para alimentar os países endividados. A realidade é inversa como assinalou Paul Grauwe: “os países como a Alemanha” cujas “economias beneficiaram antes da crise, com a acumulação de excedentes externos e forte crescimento; durante a crise têm sido os que mais ganham. Estão a endividar-se quase de graça. A Alemanha pede emprestado de graça e depois empresta com bom lucro. Os portugueses são quem paga aos alemães”.
Mas a maior pieguice de Passos Coelho é que não vejam reconhecido internacionalmente que o futuro português é diferente do grego. Ainda ontem o jornal americano Wall Street Journal, através do seu correspondente em Bruxelas, Matthew Dalton, dizia que “políticos europeus estão preocupados com as semelhanças entre as economias portuguesa e grega”, e com o risco de Portugal “descarrilar do programa de resgate”. É o mesmo jornal onde o piegas Carlos Moedas escrevia há quinze dias que “Portugal está a vencer ventos contrários”. Nem o sopro duma ligeira brisa pela redacção do Wall Street Journal conseguiu.
Um responsável da Zona Euro disse ao Wall Street Journal que “os portugueses estão a aplicar mais ou menos os mesmos truques do livro dado. Mas talvez haja um problema com o livro”. Truques, remédios, experiências, tem sido o que levou a Grécia à situação actual, Portugal vai pelo mesmo caminho.
Próximo Sábado 15h MANIFESTAÇÃO NACIONAL
Cais do Sodré – Martim Moniz – Restauradores – Stª Apolónia
Para o Terreiro do Paço
Sem comentários:
Enviar um comentário