sábado, 14 de julho de 2012
Autárquicas. Prepara-se a era pós Miguel Relvas.
As touradas internas nos partidos políticos dizem pouco aos portugueses, no entanto é dessas lides que resultam o domínio dos aparelhos partidários e os candidatos que depois a população tem para votar. O sistema não é grande coisa, é aliás a explicação para a falta de qualidade da “elite política” que chega à governação (e ao Parlamento).
Umas dúzias de militantes criam um grupinho, escolhem um líder que levam a congresso e em função de interesses, carreiras e estratégias pessoais ou de grupo, temos candidatos a primeiro – ministros do país.
Firmino Pereira, que é vice-presidente do PSD/Porto e da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, defendeu a saída de Miguel Relvas, por considerar que ele está a fragilizar a imagem do governo.
O presidente da câmara de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, protegido de Miguel Relvas (ou vice-versa) saltou para a arena em defesa do ministro e tratando o seu vice por “o militante Firmino Pereira” disse: “Já avisei o vereador e vice-presidente da Câmara de que por agora manterei as funções que ali ocupa, mas que daqui por diante não poderei tolerar mais que haja dissonância em relação a posições institucionais da câmara e do presidente, na medida em que isso é incompatível com o lugar de representação do presidente da Câmara”.
O “coitado” do Firmino não falou em nome de mais ninguém senão dele próprio, mas ficou a saber que apesar de ser vice-presidente regional do PSD, para conservar o lugar em Gaia, tem de abdicar do direito constitucional de expressar a sua opinião política. E nós ficámos a saber que uma autarquia (a Câmara de Gaia) tem uma posição institucional sobre o caso Relvas.
Firmino Pereira, até agora pouco conhecido no país, foi considerado o homem do ano (2011) em Vila Nova de Gaia, naquilo que tem sido a preparação do PSD para o fazer suceder a Luís Filipe Menezes, que sonha com a Câmara do Porto.
Miguel Relvas está a dividir as hostes do PSD, das “elites do partido” à estrutura autárquica. Se não fossem os negócios em que está envolvido em nome do Estado português, eu participava numa manifestação para que ele se mantenha mais uns tempos no governo. O que ele é representa bem grande parte do actual PSD.
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