Espanha pediu assistência financeira para a recapitalização do sector bancário. Vai ser concedido através de empréstimos de um dos fundos de estabilização europeus. O montante, segundo o Eurogrupo, terá um limite de 100 mil milhões de euros, (a Portugal foram emprestados 78 mil milhões, sendo 12 mil milhões para a banca).
Mariano Rajoy, ainda há uma dúzia de dia (28 de Maio) dizia que se “comprometia a recapitalizar a banca sem ajuda externa” mas não encontrou como, nem resistiu à pressão da União Europeia para fazer o pedido de ajuda formal.
Luís de Guindos, ministro da Economia espanhol anunciou o pedido e concessão da ajuda, tentando passar a mensagem de que não é um resgate. Um colunista espanhol escrevia ontem que “a imprensa internacional deve ter um problema com os sinónimos, pois toda ela fala em resgate”. Há imprensa portuguesa, domesticada pelo PSD/CDS, que faz a vontade a Luís de Guindos, em Espanha “rescate” (resgate) é o termo aplicado e explicado.
As “condições limitadas” que seriam exigidas a Madrid, anunciadas para “distinguir” o resgate de Espanha dos da Grécia, Irlanda e Portugal, não passam de simulação para consumo interno, a troika impôs medidas duras nos casos anteriores mas a União Europeia não deixa de exigir as reformas estruturais e a redução do défice acordado com Mariano Rajoy.
A Espanha terá a visita periódica do FMI para monitorizar a linha de crédito concedida e os “ajustes” na sociedade e economia espanhola estão em marcha, com os (re)cortes na saúde, na educação, nas autonomias e funcionalismo público, na imposição da nova lei laboral, e no que se seguirá. O Partido Socialista (PSOE) diz que o "resgate é má notícia" e chama Rajoy ao parlamento, ele, que não deu a cara para anunciar o pedido de "ajuda", foi "ver a bola".
Espanha pediu auxílio para sanear a banca mas está sujeita à supervisão total por entidades estrangeiras, Espanha não era Portugal, como Portugal não era a Grécia e agora estão todos no mesmo barco. Viajam em partes diferentes da embarcação, sentem o mar agitado com mais ou menos violência, mas a tempestade é a mesma.
Esta história trágico-marítima só terá piada quando os europeus que navegam nos iates se aperceberem que estão no mesmo mar que os países do sul, e que a descontrolada barcaça dos PIIGS mareia prestes a abalroá-los.
Post Scriptum.: Na hora em publicava este post, Mariano Rajoy dava uma conferência de imprensa, antes de ir assistir ao vivo ao jogo da selecção espanhola de futebol, as críticas na imprensa obrigaram-no a isso. Uma comunicação social activa, independente e exigente como a de Espanha fazia-nos aqui falta, é uma lacuna que explica a reacção diferente dos espanhóis e dos portugueses à intervenção externa.
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