sábado, 23 de junho de 2012
Golpe de Estado no Paraguai. América Latina responde.
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, ex Bispo católico, progressista, foi destituído pelo Senado que o condenou num julgamento político em que foi acusado de “cumprir mal as suas funções”.
Todos os líderes da América Latina acusam a maioria do congresso de ter executado um golpe de Estado dissimulado, o que poderá levar à expulsão do Paraguai dos organismos comuns regionais, cujos estatutos exigem o respeito pelas regras democráticas. A presidente do Brasil, Dilma Roussef sugeriu de imediato a expulsão do Paraguai do MERCOSUL e da UNASUL, (o Mercado Comum e a União das Nações sul-americanas).
A morte de seis polícias e 11 camponeses “sem – terra” durante a desocupação de parte de uma propriedade de um político da oposição, foi o motivo para a direita paraguaia orquestrar o golpe de Estado, outras razões como uma reunião de jovens socialistas (em 2009) num comando militar, a assinatura do Protocolo de Ushuaia 2 (onde se criou um mecanismo de reacção a golpes de Estado no MERCOSUL), ou a insegurança e acusação de ser um “facilitador” das ocupações de terras, compuseram o libelo acusatório.
Sem tempo para organizar a defesa o presidente que na 5ª feira dizia não aceitar ser demitido, acabou ontem por acatar a decisão da maioria parlamentar de oposição.
Por detrás deste golpe estão interesses latifundiários, razões eleitorais e jogos geoestratégicos de desestabilização das organizações comuns da América Latina.
No Paraguai, terão sido roubados aos camponeses, durante a ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989) e anos seguintes de governo do Partido Colorado (até 2003), cerca de 7,8 milhões de hectares de terras. A Comissão Verdade e Justiça, na informação de Junho referia que quase um milhão de hectares foi entregue entre 1988 e 2003 de forma irregular. Se nos 35 anos de Stroeessner correspondia a 19% das terras paraguaias, com a aceleração da agro-indústria e a ligação da direita aos grandes proprietários é evidente que um governo de Fernando Lugo incomodava, mesmo contendo políticos da direita.
A direita não esquece o papel do então Monsenhor de San Pedro, Fernando Lugo, na liderança dos protestos (em 2006) contra a reeleição de Nicanor Duarte, do Partido Colorado, organização que governava o Paraguai já há 61 anos. A nove meses das eleições no Paraguai retirar Fernando Lugo da corrida é também uma das razões do golpe.
Por outro lado, num período em que a América Latina está a concretizar formas comuns de se organizar, criando vários organismos de cooperação regional sem o controlo dos Estados Unidos da América, abrir uma brecha num país convém aos interesses imperialistas. As riquezas naturais da América Latina sempre foram cobiçadas e hoje sabe-se que estavam avaliadas por baixo.
Cabe aos líderes dos países latino-americanos dar uma resposta dura à situação actual, o que não deixará de acontecer na próxima cimeira de chefes de Estado do Mercosul que se realiza na próxima sexta-feira (30) na Argentina.
(P.S. - Passos Coelho acompanha a situação….!?)
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