sexta-feira, 8 de junho de 2012
Euro 2012. Ronaldo e Messi usados por jornal alemão.
“Perdão da dívida para Real Madrid e Barcelona” dizia a manchete do caderno de desporto (pormenor em cima) do jornal Bild Zeitung, o de maior circulação na Alemanha; no subtítulo interrogava, “Serão os contribuintes alemães a desembolsar o pagamento de Messi e Ronaldo?”
A campanha tem barbas e tinha de aproveitar o “Euro 2012”. Os alemães continuam a ser convencidos que sai do seu bolso o pagamento das dívidas dos países em dificuldades, quando na realidade uma coisa é a contribuição para os fundos de coesão e outra os empréstimos dos “resgates” que não são a fundo perdido. Nas actuais “ajudas” “a Alemanha pede emprestado de graça e depois empresta com bom lucro”, (sobre os fundos de coesão, o saldo é favorável à Alemanha como se vê pela actual crise e seus reflexos na economia alemã).
A oportunidade de propaganda respigada do futebol, tem por base declarações do ministro do desporto espanhol, Miguel Cardenal, que disse sobre as dívidas dos clubes de futebol espanhóis, que era preciso fazer desaparecer essa dívida num prazo razoável. “Hacer desaparecer esta deuda” teve tradução no Bild “perdão da dívida”, o ministro espanhol já tinha esclarecido que são os clubes de futebol que vão pagar as suas dívidas e nenhuma será perdoada, mas fica a lêndea e ontem um jornal italiano continuava a saga iniciada no Bild.
O medo que é incutido no povo alemão tem consequências, sondagens recentes para a ARD, estação pública alemã, (que, como digo num comentário feito ontem, servem sobretudo para medir o grau de penetração das campanhas dos meios de comunicação), apontam para um aumento do receio face às incertezas do euro, 80% dos alemães acham que a crise vai piorar e 55% acredita que teria sido melhor continuar com o “marco” como moeda, nove pontos percentuais acima de uma sondagem similar em Novembro.
São este tipo de campanhas profissionais que sustentam as medidas de Angela Merkel, encravada entre a pressão da maioria dos seus parceiros europeus e a opinião pública interna, numa altura de pré-campanha eleitoral.
A vingança de Ronaldo podia ser contribuir decisivamente para a derrota da equipa alemã. Na campanha do “Euro 2012” isso bastava-me, nas outras campanhas o jogo é muito mais complicado e não é para futebóis.
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